Aos 86 anos, o filósofo e arquiteto francês Paul Virilio morreu no dia 10 de setembro. Sua morte foi divulgada pela família na última terça-feira (18). Segundo o comunicado, ele teve uma parada cardíaca.
Respeitando sua vontade, a família organizou o funeral, que correu na última segunda (17), "na mais estrita intimidade" e só depois anunciou o falecimento do filósofo.
No comunicado divulgado na terça, a sua filha Sophie Virilio revelou que o filósofo trabalhava em um livro que seria publicado com o historiador da ciência Jacques Arnould. Ela também relata que o pai "sonhava com uma nova exposição" na Fundação Cartier (museu de arte contemporânea localizado em Paris), onde apresentara em 2008, com Raymond Depardon, Terre Natale, Ailleurs commence ici. A instituição também acolheu em 2002 a sua pioneira mostra dedicada às catástrofes provocadas por invenções humanas, Ce Qui Arrive.
Filho de um comunista italiano e de uma católica francesa, Virilio nasceu em Paris, em 1932. Sua infância ficou marcada pelos bombardeamentos da II Guerra Mundial, que testemunhou em Nantes, o que lhe inspiraria no conceito de "estética da desaparição" – título de uma de suas obras. As questões militares sempre foram temas de suas reflexões.
Ele ganhou projeção com a publicação do ensaio "Vitesse et politique" ("Velocidade e política"), no final dos anos 1970, no qual investigava os efeitos da aceleração da vida cotidiana no século 20 sobre o ambiente, o homem e a geopolítica.
Virilio escreveu mais de 30 outros livros sobre temas como ecologia, ocupação do espaço público e revolução digital. em dos aspectos centrais de sua obra sempre foi a exigência de uma ciência responsável, que leve em consideração os acidentes que pode causar.
– Uma investigação que não investigue a sua catástrofe, não investiga, é uma espécie de fé absoluta no progresso – ressaltou Virilio à revista Science et Avenir, em 2011.