Desde que o morador de Novo Hamburgo, Naurides João Gonçalves, 64 anos, saiu de casa a pé na manhã do dia 5 de dezembro, a família do idoso não teve mais notícias de seu paradeiro. Os parentes registraram o desaparecimento do idoso na delegacia no dia seguinte e fazem buscas desde então. Mesmo assim, uma semana após seu sumiço, a família não tem nenhuma pista sobre sua localização.
— Estamos muito aflitos, não conseguimos nada de notícias dele — comenta a filha, Denise Kronbauer.
Denise conta que o pai foi diagnosticado com demência precoce em agosto, após começar a apresentar algumas confusões mentais, e estava sendo acompanhado por médicos.
Depois de aposentado, Naurides começou a trabalhar como taxista, mas desde que começou apresentar as confusões mentais, parou de dirigir.
A filha conta que o idoso vinha confundindo lugares e misturando o presente com o passado. Denise diz temer que o pai tenha se perdido e esteja desorientando.
Sem trabalhar, Denise conta que o pai ficava bastante inquieto e adquiriu o hábito de andar pela cidade diariamente. Durante as caminhadas, os vizinhos e comerciantes informavam a família sobre seu paradeiro, já que Naurides era bastante conhecido no município.
Entretanto, desde que saiu de casa na quinta-feira passada, não foi visto pelos vizinhos.
No dia em que despareceu, Naurides acordou cedo e saiu de casa enquanto a esposa se arrumava para ir ao posto de saúde. A mulher não chegou a ver para que lado ele foi. O idoso saiu com sua carteira, com documentos e um papel com seu endereço escrito.
— Estamos muito preocupados, ficou frio no final de semana e choveu. Ele está sem tomar os remédios dele e estava sem agasalho. Estamos no escuro — conta a filha.
Outra hipótese levantada pelos familiares é de que ele possa ter pegado um ônibus para voltar a sua cidade natal, Não-me-toque, ou ido visitar os irmãos, que moram em Carazinho. Ambas as cidades ficam na região norte do Estado, a aproximadamente cinco horas de distância de Novo Hamburgo.
Buscas
Após registrar o desparecimento do idoso na delegacia, a família foi informada que os policiais encaminhariam a foto de Naurides para as guarnições na rua. Enquanto isso, os parentes distribuíram cartazes pela cidade com as fotos dele.
— Estamos tentando de todas as formas, mas estamos frustrados porque estamos sem nenhum retorno. Estamos sem norte — diz a filha.
A foto com suas informações também foi compartilhada em diversos grupos de conversa pela cidade, mas nenhuma pista foi recebida.
— Isso é o que mais nos preocupa, ele é conhecido por muita gente, sempre que viam ele pela cidade nos avisavam. Desta vez ninguém sabe de nada.
Além disso, a família procurou pelo aposentado em hospitais, UBSs, UPAs e abrigos, também sem sucesso.
Quebra na rotina pode ter confundido
Denise conta que o pai mantinha uma rotina diária, que seguia religiosamente. Parte dela era o almoço: seu Naurides comia todos os dias em um restaurante localizado no bairro Canudos.
No dia 12 de outubro, enquanto abria o estabelecimento, a proprietária do restaurante, Priscila Diniz, 34 anos, foi baleada na nuca. Depois do crime, o restaurante fechou e a rotina de Naurides foi alterada:
— Ele tinha o costume de sair, ir em direção ao restaurante, almoçar e depois voltar para casa. Depois do crime, quando ele saia a gente não tinha mais certeza para qual direção ele ia, depois voltava para almoçar em casa. Naquela quinta ele não voltou no almoço e não soubemos mais dele.
Em outra ocasião, em agosto deste ano, Naurides também se perdeu. Neste caso a família teve mais pistas dele e o idoso foi encontrado dois dias depois pela polícia da cidade de São Leopoldo, tentando invadir uma casa. A sua família foi contatada e quando o encontraram descobriram que ele havia sido roubado e agredido.
Golpistas
Na última segunda-feira (9) a família recebeu uma ligação de uma pessoa oferecendo informar o paradeiro do idoso em troca de dinheiro. Denise diz que pelo andamento da conversa perceberam que se tratava de um estelionatário.
Como ajudar
Segundo o delegado Rafael Naves, que investiga o caso, estão sendo feitas diligências para localizar o idoso, mas ainda sem sucesso.
Quem tiver informações que possam contribuir com a elucidação do desaparecimento deve entrar em contato com a Delegacia de Novo Hamburgo pelo telefone (51) 3584-5833
* Produção: Camila Mendes