A Polícia Civil espera a conclusão de laudos periciais para que seja concluído o inquérito sobre a morte de um homem de 63 anos, em Toropi, na região central do Rio Grande do Sul. O corpo foi encontrado no último domingo (10). Os documentos devem trazer detalhes sobre o exame de necropsia, assim como do local em que o corpo foi encontrado. Além dos laudos, duas pessoas ainda devem ser ouvidas pela polícia.
O adolescente de 17 anos matou o pai a tiros na madrugada de domingo, em uma fazenda na zona rural de Toropi. Segundo o delegado Giovanni Lovato, o jovem confessou ter cometido o crime e disse que o fez para defender a si mesmo e a mãe, de 55 anos.
Até o momento, quatro testemunhas foram ouvidas, incluindo vizinhos e o dono do bar em que o homem estava na noite de sábado (9), horas antes de ir para casa. A polícia trata o caso como legítima defesa, mas o resultado dos laudos periciais pode mudar o curso da investigação.
Homem ameaçou matar família
Conforme o delegado, o homem teria chegado em casa embriagado na noite de sábado e ameaçado matar a família. Testemunhas ouvidas pela polícia confirmaram escutar a briga e as ameaças de morte proferidas por ele.
— Ele disse que ia pegar o revólver, então o filho correu, pegou (a arma, que estava embaixo da cama) e pulou pela janela. O pai foi atrás e tentou desarmá-lo e continuava dizendo que ia matá-lo. Então, o filho efetuou os disparos — conta o delegado Lovato sobre a versão contada nas oitivas.
Outras testemunhas relataram à polícia que a família tinha medo do homem e que não podiam sequer sair de casa sem a aprovação dele. Uma vizinha, inclusive, contou que nunca havia recebido uma visita da esposa dele por mais de 10 minutos. Nestas raras visitas, a mulher ficava apreensiva e cuidando se o marido não iria aparecer.
O morto não tinha antecedentes criminais e, apesar das constantes brigas presenciadas pelas testemunhas envolvendo ele e sua família, não havia denúncia de maus-tratos ou abusos contra ele na polícia.
— Disseram que cogitaram (denunciar) uma vez, mas ele disse que daí sim a mataria — acrescenta o delegado.
O caso
O corpo do homem de 63 anos foi encontrado a cem metros de casa, na fazenda da família. O proprietário do bar em que ele esteve no sábado, horas antes de morrer, foi quem localizou o corpo e acionou a Brigada Militar.
Testemunhas teriam visto a vítima saindo de um bar a cavalo em direção à casa da família, por volta das 21h de sábado. Segundo a polícia, em um primeiro momento familiares comunicaram ao dono do bar que apenas o animal havia chegado à fazenda e que o homem estava desaparecido.
Agentes da Polícia Civil e do Instituto-Geral de Perícias estiveram no local em que o corpo foi achado. Indícios levaram à casa da família. Interrogados, a esposa e o filho afirmaram, num primeiro momento, que não sabiam o que havia ocorrido. Depois, o adolescente teria confessado que atirou contra o pai para defender a família. Mãe e filho foram ouvidos na delegacia e liberados. A perícia apontou que os dois teriam arrastado o corpo do homem para um local mais distante da casa.
Os nomes dos envolvidos não são divulgados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).