O relatório final do inquérito policial sobre fatos relacionados ao resgate da atriz e modelo Maidê Mahl, cujo resultado é inconclusivo, foi remetido nesta sexta-feira (22) ao Ministério Público do Estado de São Paulo. A gaúcha de Venâncio Aires foi encontrada em 5 de setembro, depois de ser considerada desaparecida, num quarto de hotel da capital paulista.
"Após juntada do relatório final, o inquérito foi enviado eletronicamente ao Ministério Público para análise e elaboração do parecer. Depois disso, os autos vão ao juiz para decisão", informou, em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo.
A Justiça estadual paulista recebeu o material que relata a investigação realizada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) daquele Estado na terça-feira (19). Apesar do esforço da autoridade policial, que reuniu testemunhos, registros de imagens e diversas perícias, não houve explicações acerca dos acontecimentos.
Maidê ficou reclusa no 15º andar de um hotel durante três dias até ser resgatada. Ela estava ferida e semiconsciente.
A atriz ficou internada durante um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Deixou a UTI e permanece sob cuidados na instituição de saúde, que deixou de emitir boletins sobre o quadro clínico em outubro.
O quadro de saúde impediu, por três vezes no último mês, que Maidê fosse ouvida pela Polícia Civil. Por conta da impossibilidade, a autoridade policial fechou o inquérito sem o depoimento pretendido.
O que ocorre no MP
Em sua análise, o Ministério Público indicará se as diligências policiais foram suficientes para serem analisadas na esfera judicial ou apontará se devem ser realizadas ações complementares de investigação.
A reportagem solicitou informações sobre o relatório remetido ao Poder Judiciário para a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, que respondeu argumentando que não se pronunciará nesta etapa dos procedimentos.
Relembre o caso
Maidê mora e trabalha em São Paulo desde 2017. Mantém carreira como atriz e modelo. De acordo com a investigação policial, saiu de seu apartamento, situado no bairro Moema, por volta de 16h do dia 2 de setembro. Entrou em um mercado e comprou três caixinhas de água de coco. Pagou em dinheiro.
Dali, chamou transporte por aplicativo e dirigiu-se a um tabelionato no bairro da Liberdade. Contratou o reconhecimento de sua assinatura em um documento, cujo teor ainda é desconhecido, e rumou ao hotel, novamente em deslocamento por app, por volta de 16h40min.
O check-in no hotel ocorreu por volta de 17h30min. Maidê entrou no quarto e não interagiu com ninguém, nem mesmo para pedir serviços de alimentação, higienização ou arrumação do dormitório.
Estranhando a ausência, amigos comunicaram o desaparecimento à polícia. Os investigadores rastrearam os deslocamentos por meio de registros da companhia de transporte e por checagem de imagens de câmeras públicas e privadas.
Maidê foi achada caída, com o corpo inerte, parcialmente escorado contra a porta do quarto onde estava hospedada. Conforme a polícia, não havia indicativo de violência, nem uso de substâncias tóxicas, além de uma medicação para a qual havia prescrição médica. A atriz teria consumido apenas a água de coco que levou consigo.
O trabalho da Polícia Civil e da Polícia Científica, a partir da localização de Maidê, foi discreto. Autoridades evitaram divulgar dados relacionados à apuração. O inquérito, aberto em 13 de setembro, que investigou o suposto crime de lesão corporal, reuniu depoimentos e perícias, remetidos com o relatório da Polícia Civil nesta semana ao Poder Judiciário do Estado de São Paulo.