A Polícia Civil aguarda a perícia finalizar os laudos sobre a causa da morte de Paula Janaina Ferreira Melo, 25 anos, para aprofundamento da investigação. Ela foi assassinada no bairro Mário Quintana, na zona norte de Porto Alegre, no dia 14 de outubro. Grávida, Paula teve o feto retirado do ventre pela criminosa.
O resultado sobre o que matou o bebê também é aguardado pela polícia. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) ainda não tem previsão para a conclusão dos documentos.
Suspeita de ter cometido o crime, Joseane de Oliveira Jardim, 42 anos, foi presa em flagrante em 15 de outubro e teve a preventiva decretada pela Justiça no dia seguinte. Inicialmente retida no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), em Porto Alegre, ela foi transferida na última quinta-feira (17) para a Penitenciária Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana.
Familiares de Paula Janaína relatam que as duas mulheres se conheciam havia pouco menos de dois meses. O contato inicial teria sido nas redes sociais, por grupos de doações e maternidade.
Conforme a investigação, Joseane atraiu a vítima até o apartamento onde ocorreu o crime, no bairro Mario Quintana, com a promessa de um carrinho de bebê. Depois de matar Paula Janaina, a suspeita teria retirado o feto da barriga da vítima e simulado uma cena de parto para acionar a ajuda de vizinhos.
Segundo uma análise inicial realizada pela perícia quando o caso foi descoberto, Paula Janaina tinha duas lesões na cabeça e uma no abdômen. O bebê não tinha nenhum sinal de violência externa.
Além da causa da morte, a polícia também investiga se terceiros teriam colaborado para a execução do crime. O marido de Joseane já foi ouvido pelas autoridades. O caso está sob investigação da 5ª Delegacia de Polícia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre.
A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul informou que atuou somente na audiência de custódia da acusada, realizada no dia 16 de outubro. "A partir de agora, caso ela não constitua advogado particular, a Defensoria seguirá atuando na defesa da mulher, conforme previsto na Constituição", diz o órgão. A reportagem tentou localizar a defesa de Joseane, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Crime planejado
De acordo com a delegada Graziela Zinelli, plantonista da Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, a suspeita planejava o crime há pelo menos dois meses. Joseane teria, inclusive, mentido para os familiares e conhecidos sobre uma falsa gravidez.
Desde agosto, a suspeita teria começado a se aproximar de vizinhos e relatar que estava grávida. Na volta de uma suposta consulta, a mulher chegou a mostrar uma ecografia no celular para vizinhas.
A suposta autora do crime também teria dito às vizinhas que estava com três dedos de dilatação no dia do crime. O médico teria dado um prazo para o nascimento do suposto bebê: dia 14 de outubro, mesma data do seu aniversário.
Segundo relatos obtidos por Zero Hora, Joseane também estava se aproximando de outras gestantes, prometendo entrega de presentes. Na maioria dos contatos, ela exigia que as mulheres fossem buscar as doações sozinhas em sua residência.
No condomínio em que Joseane vivia, uma moradora também contou que ela pediu, insistentemente, o telefone de uma jovem que estava grávida e morava no mesmo bloco. Contudo, a moça havia se mudado e o contato não ocorreu.