A morte de Paula Janaina Ferreira Melo, 25 anos, teria sido premeditada pela mulher presa pelo crime, Joseane de Oliveira Jardim, 42. A informação é da Polícia Civil, que realizou coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (16) para detalhar a investigação sobre o caso, que aconteceu em Porto Alegre.
Joseane foi presa em flagrante na noite de terça-feira (15), suspeita de matar Paula Janaina, que estava grávida. Na delegacia, a suspeita decidiu permanecer em silêncio.
Durante a entrevista à imprensa, a delegada Graziela Zinelli, plantonista da Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, esclareceu que a suspeita teria atraído a vítima até a residência onde ocorreu o crime com a promessa de doação de um carrinho de bebê.
Na sequência, ela teria cometido o crime, retirando o feto da barriga da vítima. Nem a criança nem a mãe sobreviveram ao ataque.
Após retirar o feto da barriga da mãe, Joseane teria colocado a criança no meio das próprias pernas para forjar uma cena de parto. Depois, ela acionou uma vizinha.
— A vizinha abriu a porta e se deparou com uma cena compatível com o nascimento de uma criança ali na sala — afirma a delegada.
Durante a perícia foi constatado que o corpo da vítima estava embaixo da cama, embalado em cobertores e sacos plásticos. A suspeita já havia limpado o quarto onde o corpo estava, de modo que quem foi ao local, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não teria como perceber de imediato que havia um corpo escondido ali.
A vítima apresentou duas lesões na cabeça e uma no abdômen. O feto não tinha nenhum sinal de violência externa.
A investigação aponta que a mulher havia criado uma história de gravidez falsa para amigos e familiares. A cena do parto teria sido feita para dar mais força a essa mentira.
— Ela (Joseane) já havia perdido outros bebês durante a gestação e havia uma frustração em relação a esse fato, o que possivelmente motivou a criar essa gravidez. Essa história ela passou a criar a partir do mês de agosto, falava que essa criança estaria apta para nascer em outubro. Ela tinha um biotipo compatível com uma gestação avançada. Dessa forma, criou uma circunstância para convencer a família e os vizinhos de que efetivamente estava gestando — diz a delegada.
A polícia ainda investiga a participação do marido da presa no crime. Não há indícios até o momento de que ele soubesse sobre o plano ou que teria participado do homicídio. O homem já foi ouvido pela polícia.
Aproximação
A relação entre a vítima e a suspeita ainda é apurada pela polícia. No entanto, pistas indicam que a aproximação das duas tenha decorrido da ideia da suspeita em obter o bebê que nasceria da vítima.
— A família falou que preferia que ela (Paula Janaina) não aceitasse as coisas assim, porque era uma pessoa (Joseane) que não era próxima. Não tinha razão nenhuma para estar colaborando com o sustento dela — aponta Grazielli.
A polícia solicitou a prisão preventiva da suspeita ainda nesta quarta-feira. A perícia ainda não tem uma previsão para a liberação dos corpos da mãe e do feto.
O velório começa nesta quarta-feira, às 23h, e o sepultamento está marcado para as 10h30min de quinta-feira, no cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre.