A Polícia Civil investiga se houve sequestro e estupro de vulnerável no caso das duas adolescentes que sumiram em Ametista do Sul, no norte do RS, no último domingo (6). Uma delas foi encontrada em Esteio, na Região Metropolitana, na terça-feira (8). A outra foi localizada no mesmo dia na Estação Rodoviária de Porto Alegre tentando voltar para casa.
Segundo a investigação, uma das adolescentes, de 12 anos, supostamente mantinha relacionamento amoroso com o jovem de 22 anos, suspeito de realizar o sequestro. O homem também estava em Esteio quando ela foi localizada.
Em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta quarta-feira (9), a diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegada Vanessa Pitrez, disse que a adolescente relatou à polícia que teve relação sexual com o homem.
Embora não tivesse uma flagrância naquele momento (em que foram encontrados) de estupro de vulnerável, nós registramos a ocorrência no Deca (Divisão Especial da Criança e do Adolescente) para a investigação de crime sexual.
DELEGADA VANESSA PITREZ
A polícia solicitou à perícia exames para verificar possíveis agressões físicas e sexuais. Testemunhas e familiares serão ouvidos no curso da apuração.
O homem, que veio do Piauí, morava pelo menos desde o começo do ano em Ametista do Sul. Ele também já havia residido em outras cidades do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre. A hipótese da polícia é de que ele e a vítima tenham se conhecido e estreitado laços durante o tempo em que ele passou na cidade do norte do RS.
O sumiço
As investigações apontam que a jovem comemorava o resultado das eleições municipais com parentes e uma amiga, de 13 anos, na noite de domingo. Após os familiares se retirarem, as duas adolescentes teriam embarcado em um veículo com o suspeito.
Segundo a delegada Aline Palma, da 14ª Delegacia de Polícia Regional do Interior, a adolescente mais nova, de 12 anos, foi encontrada na terça-feira, junto do suspeito de realizar sequestro. Os dois estavam perto da estação de trem Esteio. A amiga, de 13 anos, foi localizada no mesmo dia, na Estação Rodoviária de Porto Alegre. Ela aguardava um ônibus para retornar para casa.
Conforme as delegadas Aline e Vanessa, as meninas relataram que foram para Porto Alegre por vontade própria. O trio teria ido de carro de Ametista do Sul até Frederico Westphalen, onde embarcou em um ônibus para Porto Alegre.
— Como são menores de idade, o consentimento não é válido. Todo e qualquer ato que seja praticado com menores, ainda que consentido, é considerado violência presumida e o consentimento não é juridicamente válido — explica Vanessa, durante entrevista à Rádio Gaúcha.
A polícia apura se uma terceira pessoa estaria envolvida no caso, realizando o transporte do grupo de Ametista até Frederico Westphalen.
As autoridades também devem conversar com a empresa de ônibus que deixou as duas menores embarcarem sem a presença de um responsável legal.
A localização
Na segunda-feira após o desaparecimento, os familiares registraram o sumiço na polícia. Na ocasião, os parentes levaram a possibilidade de o caso ter relação com o tráfico de drogas. Por esse motivo, o Deic passou a integrar a investigação.
Algumas pistas apontaram que as adolescentes estariam na zona sul de Porto Alegre, o que trouxe a delegada Aline e sua equipe policial para a Capital. Diligências foram cumpridas ao longo de toda a terça-feira, redundando na localização das adolescentes e na revista de uma residência no bairro Cavalhada.
— Eles ficaram nessa casa. Algumas pessoas viram as meninas por lá, mas quando chegamos na residência, eles já não estavam — contextualiza a delegada Aline.
Após a verificação de mais pistas, a polícia conseguiu localizar as meninas na rodoviária de Porto Alegre e em Esteio.
O Conselho Tutelar de Porto Alegre informou que as meninas foram acolhidas pela instituição durante a noite. A que foi resgatada na rodoviária foi entregue aos cuidados de um familiar morador da Capital. Um parente virá a Porto Alegre para encontrar a adolescente mais nova e que supostamente possui relacionamento amoroso com o suspeito de sequestro.
Os nomes das meninas não são revelados por respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).