A Brigada Militar pretende manter, ainda sem prazo para encerramento, o reforço no policiamento em Bagé, na Região da Campanha. No último domingo (15), um atirador realizou uma série de disparos durante um evento de campanha, no bairro Cohab. Foram ao menos cinco disparos em um comício realizado pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
O evento integrava as ações de campanha do candidato à prefeitura de Bagé, Luiz Fernando Mainardi, do PT. Segundo a polícia, um homem avançou em meio à multidão, usando uma máscara de caveira, e atirando à esmo. Ninguém ficou ferido na ação, e o atirador escapou por um matagal. Buscas chegaram a ser realizadas, mas o homem não foi preso.
O candidato a prefeito estava ao lado do caminhão, no chão, esperando sua vez de falar no momento dos disparos. Mainardi foi retirado às pressas do local e reforçou a equipe de segurança após o ocorrido. O político disse logo após o atentado que não sabia se era realmente o alvo dos disparos, mas que o atirador andou em sua direção.
Segundo o Comando-Geral da Brigada Militar, ainda no domingo, logo após ocorrer o tiroteio, uma equipe do 6º Batalhão de Choque, de Uruguaiana, foi encaminhada para Bagé. Os policiais continuam na cidade, e devem acompanhar também os próximos eventos a serem realizados, na tentativa de inibir novas ações desse tipo.
— Pedimos que os candidatos informem sobre os comícios e locais de aglomeração, para que se possa manter não só o policiamento ostensivo, como o velado (à paisana). Vamos manter o Batalhão de Choque em Bagé até que tenha um desfecho da investigação e prisão eventual de envolvidos — explica o comandante-geral da BM, coronel Cláudio dos Santos Feoli.
Sob investigação
Os disparos aconteceram por volta das 18h30min, em um evento que envolvia cerca de 800 pessoas. Apesar de não deixar nenhum ferido, a situação provocou correria e algumas pessoas chegaram a passar mal e precisaram buscar atendimento médico. O trio elétrico que era usado no comício foi apreendido para ser submetido à perícia.
Quem discursava no momento dos disparos era o policial penal e candidato a vereador Ricardo Morais (PT). Há 23 anos atuando em presídios, Morais disse não ter nenhuma desavença pessoal, mas não descarta que o atirador tenha agido por vingança. Outras duas linhas de investigação também estariam sendo conduzidas pela Polícia Civil.
Na quinta-feira anterior ao ataque, dia 12, uma operação policial, envolvendo cerca de 250 policiais, cumpriu 44 mandados de busca e apreensão, a maior parte na região do atentado, um bairro conflagrado pelo tráfico de drogas. Na madrugada seguinte, dois homens armados agrediram e ameaçaram um candidato a vereador pelo PT, cuja casa foi invadida. A polícia passou a apurar se pode haver vínculo entre os casos.
Uma reunião foi realizada no início da semana passada entre Brigada Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Ministério Público. No encontro, foi discutida a atuação conjunta para reforçar a segurança nas campanhas e acelerar a investigação do ataque a tiros ocorrido no último domingo.
Segundo a Polícia Civil, a investigação foi repassada à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Bagé, para apurar as circunstâncias que envolvem os disparos e quem foi o autor do crime. Atualmente, o caso está em sigilo.