O Rio Grande do Sul apresentou queda no número de estelionatos no mês de agosto. Foram 5.895 golpes registrados no mês passado, uma diminuição de 15,83% se comparado ao mesmo período de 2023, que teve 7.004 ocorrências. Mesmo com a redução, esse contingente representa uma média de 190 casos diários no último mês. Isso significa que quase oito fraudes foram cometidas por hora no RS.
Ao longo do ano, esta modalidade de crime tem apresentado redução. Nos primeiros oito meses de 2024, o número de ocorrências recuou 14,68% em comparação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, entre janeiro e agosto de 2024, foram contabilizadas 51.498 denúncias de estelionato.
Alguns fatores ajudam a explicar a diminuição dos casos no RS, avalia o subchefe da Polícia Civil do Estado, delegado Heraldo Guerreiro. Ele cita, por exemplo, as constantes ações da polícia em combate ao estelionato e os crescentes alertas realizados por diferentes atores da sociedade.
— Houve essa diminuição positiva, muito em face das inúmeras ações que a polícia vem realizando, assim como dos esclarecimentos, principalmente feitos pelos sites de banco, sobre os golpes que estão circulando. Nós temos preocupação constante com esse tipo de crime e vamos seguir com força combatendo todos os tipos de crime. Nós queremos continuar baixando os indicadores para que a população se sinta segura — afirma.
O delegado também cita que algumas das fraudes mais comuns nesse período foram o golpe dos nudes e o conto do bilhete premiado.
— Existe um jargão que diz que não há almoço grátis. Geralmente, esses golpes propiciam, por parte dos autores, facilidades e ganhos às vítimas. É importante ficar atento com promessas muito boas. Em caso de dúvida, procurem ajuda e opinião de parentes, principalmente os idosos. O golpe, muitas vezes pode ser evitado com o alerta de alguém próximo — aconselha.
Os dados sobre criminalidade no RS são divulgados mensalmente pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-RS).
Subnotificação
Além das ações da polícia e os avisos recorrentes na comunidade, ainda há um outro fator que colabora para a diminuição dos registros de estelionatos. É a subnotificação. Ou seja, pessoas que foram vítimas de golpistas e, por algum motivo, não notificam a polícia sobre o crime.
Uma auxiliar de saúde bucal de 25 anos, que mora em Canoas, na Região Metropolitana, integra a parcela de pessoas que, mesmo sendo vítimas, decidiu não denunciar.
— Fiquei muito envergonhada da situação. Mesmo tendo sido um golpe, a gente se sente a pessoa mais burra do mundo e se questiona como foi tão inocente e confiou em alguém desconhecido. Por isso, acabei deixando assim — admite.
Ela conta que após seu aparelho celular estragar, foi em busca de um novo telefone. Quando viu um anúncio nas redes sociais, decidiu comprar um dispositivo que estava com preço mais atrativo.
— Depois que eu paguei, me bloquearam em tudo e sumiram — diz a mulher, que teve um prejuízo de R$ 1,3 mil.
Criminosos se passaram por advogado
Durante o mês de agosto, o advogado Ricardo Detoni, 49 anos, morador de Erechim, na região norte do Estado, foi avisado por clientes que alguém estava se passando por ele e solicitando, por telefone, valores que chegavam a R$ 4 mil para o prosseguindo de processos.
— Esses golpistas montaram uma conta de WhatsApp com dados e fotos que tenho no meu site e nas minhas redes sociais. Eles buscaram processos de clientes meus e foram atrás deles para cobrar valores para a continuação de processos judicias — detalha o advogado.
Ele explica que algumas fraudes também envolviam uma suposta isenção do imposto de renda. Os criminosos pediam valores para o pagamento de uma taxa que seria paga ao Judiciário para concretizar a isenção do tributo.
O advogado diz que não sabe algum cliente realizou, de fato, algum pagamento. No entanto, se diz lesado pela atuação dos criminosos, ressaltando eventuais desconfianças por parte de clientes.
— O golpe me causou falta de confiança no sistema como um todo, tive prejuízos psicológicos e fiquei com medo de que isso pudesse prejudicar meu negócio de 22 anos — relata o advogado, que buscou se proteger da desconfiança de clientes publicando um aviso sobre o golpe nas redes sociais.
As fraudes foram notificadas à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Erechim por meio de boletins de ocorrência. Os registros culminaram na instauração de um procedimento policial, que está sendo apurado pela 1ª Delegacia de Polícia da cidade.
Saiba como se proteger
- Desconfie de vantagens muito atrativas
- Não acredite em desconhecidos que te abordem por ligações, e-mails ou mensagens telefônicas
- Não acesse links suspeitos ou sem procedência conhecida
- No caso dos golpistas se passarem por alguma empresa ou entidade, procure os canais oficias para confirmar as informações
- Em caso de compra online, guarde o link da compra para eventuais investigações policias
- Não realize depósitos ou transferências bancários para desconhecidos
- Se for vítima, registre o caso em uma delegacia da Polícia Civil ou pela Delegacia Online
Fonte: Polícia Civil-RS
A polícia possui uma cartilha que orienta medidas a serem tomadas em diferentes tipos de golpe. Confira: