Em entrevista na manhã desta quinta-feira (29) ao programa Timeline Gaúcha, da Rádio Gaúcha, o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) do Rio de Janeiro, delegado Pedro Brasil, falou sobre a segunda fase da Operação Mãos Leves, uma investigação que visa quadrilhas que exploram máquinas de bichinhos de pelúcia. Segundo ele, há indícios de que facções criminosas possam estar lavando dinheiro com o chamado "golpe da garra fraca".
— Há indícios de envolvimento de organizações criminosas na atividade. Na casa de um dos investigados, apreendemos R$ 260 mil em espécie e US$ 60 mil. Ou essa atividade é extremamente lucrativa, ou pode estar ocorrendo lavagem de dinheiro — explica.
A fraude consiste em alterar as máquinas com um contador de jogadas capaz de interferir na corrente elétrica ligada à garra do aparelho, para dificultar a liberação dos bonecos de pelúcia. Conforme apontam as investigações da delegacia, a peça recebe a energia necessária para capturar os bichinhos somente após um número específico de jogadas. Sem força suficiente no aparelho, os clientes acabariam perdendo a jogada na maioria das vezes.
— O empresário que controla a máquina podia escolher quando o bichinho de pelúcia seria capturado. Ou seja, o resultado não dependia da habilidade do jogador, mas da sorte, o que caracteriza um jogo de azar — detalha o delegado.
Além dos aparelhos modificados, os agentes também encontraram pelúcias falsificadas de marcas já existentes, celulares, computadores, documentos e outros aparelhos eletrônicos. A denúncia de bonecos pirateados foi o que permitiu que a polícia começasse a primeira fase da operação, ainda em maio.
— Inicialmente, os crimes serão atribuídos às empresas que montam e fornecem os equipamentos, não aos comerciantes que disponibilizam o local para as máquinas — afirma Brasil.
Se o esquema for comprovado, os suspeitos podem responder por associação criminosa, contravenção de jogos de azar e crimes contra o consumidor, a propriedade imaterial e a economia popular.
— Parece algo que não é tão grave, mas não é o caso. Pelo menos aqui no Rio de Janeiro, toda atividade criminosa lucrativa acaba sendo absorvida por organizações criminosas violentas, o que contribui para o crescimento dessas facções — pontua o delegado.