Alegre e cheia de sonhos. É desta forma que amigos de Fernanda Nunes da Silva, 34 anos, a descrevem. A pedagoga, que também era dona de uma padaria em São Leopoldo, foi morta dentro de casa, na cidade do Vale do Sinos, na madrugada de domingo (18). O marido confessou à Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Porto Alegre, que havia esganado a companheira. O nome dele não foi divulgado.
O sepultamento aconteceu na manhã do dia seguinte ao crime, no Cemitério Municipal da Feitoria, em São Leopoldo. A despedida reuniu familiares, amigos e conhecidos, que ainda absorvem e refletem sobre a brutalidade do crime. Todas as pessoas ouvidas nesta reportagem pediram para não ser identificadas.
— Ninguém acredita no que aconteceu. Todos gostavam dela. Desde novinha, ela era sempre muito alegre e nunca mudou isso. Era feliz, simpática. Com as filhas, ela era um "grude" só — conta um amigo de infância de Fernanda.
Os dois se conheciam havia cerca de 20 anos e chegaram a estudar juntos na escola. Ele relata que, além dessas qualidades, Fernanda era conhecida pela comunidade por ser alguém positiva e batalhadora. Havia se formado em pedagogia dois anos antes e era uma das poucas do núcleo familiar a ter acesso ao Ensino Superior.
A vítima também era dona de uma padaria no bairro onde cresceu e residia em São Leopoldo. A casa onde morava ficava no pavimento superior do comércio. Com colaboração de familiares, inclusive do marido, que confessou o crime, ela tocava o negócio.
Por vezes atuando no atendimento da loja, Fernanda costumava ser educada e atenciosa com os clientes. O marido fabricava alguns dos pães e doces que eram vendidos no estabelecimento e era igualmente educado com a clientela, narra um morador da região que costumava fazer compras no local.
Relacionamento familiar
Um vizinho, que mora há cerca de 40 anos na região, conta que viu Fernanda crescer e construir sua família. Segundo ele, a pedagoga era benquista no bairro, não tinha desafetos e aparentava não ter problemas no relacionamento amoroso.
— Eles estavam juntos fazia uns 20 anos. A família parecia ser unida. Nunca vi brigas entre eles. No final do dia, ela gostava de sentar em frente de casa para tomar chimarrão e conversar com os familiares — afirma.
Desde que o crime aconteceu, no entanto, a calçada que costumava estar repleta de familiares de Fernanda ficou vazia.
— Vi eles uma vez, mas acho que pegaram as coisas e foram para outro lugar. Sumiram daqui — observa uma vizinha.
Ela relata ainda que o crime pegou os residentes do entorno de surpresa, gerando um choque para aqueles que costumavam ver e interagir com Fernanda cotidianamente.
— Ela tinha vários sonhos e amava viajar, passear e descobrir coisas novas. Era uma pessoa amigável e amada por todos — comenta uma amiga.
Ela comentou a Zero Hora que viveu muitos anos na mesma cidade da amiga, o que as aproximou por um longo período. Como se mudou, nos últimos tempos recebia atualizações sobre Fernanda pelas redes sociais.
Despedida precoce
Mesmo com a distância física, recorda que no próximo sábado (24), Fernanda completaria 35 anos.
— Fernanda era uma ótima mãe, muito apegada às filhas. Acredito que a partida dela, que foi tão cedo, será um grande desafio para elas, principalmente pela forma com que aconteceu — reflete.
Nas redes sociais, familiares e amigos fizeram diversas homenagens à vítima. Em maioria, as mensagens ressaltam a dor causada pela crueldade do crime.
Relembre o caso
Fernanda Nunes da Silva, 34 anos, foi morta em casa, no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo, na madrugada de domingo (18).
O crime foi informado a autoridades pelo próprio marido de Fernanda, que se dirigiu até o posto da Polícia Rodoviária Federal, em Porto Alegre, e confessou o crime. Aos policiais, disse que havia esganado a mulher e indicou o endereço da casa. O casal se relacionou por cerca de duas décadas.
A Brigada Militar foi acionada pela PRF e, no local, encontrou Fernanda sem vida. O homem foi preso em flagrante e encaminhado à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de São Leopoldo.
A Polícia Civil informou que Fernanda não tinha nenhuma ocorrência registrada na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de São Leopoldo, tampouco medidas protetivas.