As autoridades de segurança pública do Estado fortalecem, em decorrência do intensivo trabalho de investigações empreendido desde a quarta-feira (10), a hipótese de que a chacina ocorrida em Cidreira seja resultado da guerra entre facções. A disputa de poder e domínio de territórios, principalmente para ampliar o alcance do tráfico de entorpecentes, seria o pano de fundo do ataque que constituiu uma atmosfera de insegurança no município.
— Trouxe muita preocupação. Existe uma resposta importante do Estado, com aumento do efetivo, mas criou-se um cenário complexo na cidade por conta do avanço das facções criminosas em nosso território. É uma questão difícil. Apesar de ser uma guerra do tráfico, pessoas que não têm relação com a criminalidade também estão sendo atingidas — define o prefeito de Cidreira, Elimar Pacheco.
A ação criminosa de quarta resultou na morte de cinco homens, com idades entre 19 e 68 anos, em duas cenas de crime num intervalo de alguns minutos. Os ataques tiveram contornos de extrema violência e são atribuídos ao mesmo grupo de quatro atiradores.
As vítimas estavam em endereços da Rua 22, no bairro Parque dos Pinus. A primeira investida ocorreu em uma residência onde operava uma unidade de reciclagem. Lá, foram assassinados Gian Cavalheiro Brisola, 19 anos, Luiz Alberto Xavier, 68, e Edison Moura Espíndola, 61. O imóvel foi incendiado após o tiroteio. Em outro ponto na mesma rua, Luiz Cláudio Canabarro Santos, 44 anos, e Florindo Pedroso, 66, foram alvejados pelos mesmos agressores.
A polícia atua com reserva na divulgação de informações e revela que reforçou as estruturas de investigação para a cidade e seu entorno. Declarações têm sido evitadas. A delegada regional Sabrina Deffente, no entanto, confirma que as apurações atuam prioritariamente sob a perspectiva de conflito entre organizações criminosas, sem citar os grupos envolvidos.
Contudo, a reportagem conseguiu apurar que a autoria do atentado tem sido atribuída a uma coalizão de grupos criminosos que enfrenta uma facção com origem no bairro Bom Jesus, na Capital. Este agrupamento e células faccionadas teriam planejado e executado o atentado em Cidreira com apoio de outra grande facção, a qual tem base e nascedouro no Vale do Sinos.
A delegada regional também aponta o progresso na identificação dos executores. Até a quinta-feira (11), dois suspeitos haviam sido listados entre os apontamentos do inquérito. Nesta sexta (12), mais nomes integravam o levantamento.
Imagens e perícias estão entre as provas levantada e analisadas. Até a tarde da sexta-feira, não haviam ocorrido prisões. A estrutura de segurança pública foi reforçada no município, tanto pela Brigada Militar, quanto pela Polícia Civil. As autoridades destacam não haver a confirmação de relação das vítimas com o crime organizado na região. As investigações terão prosseguimento.