O governo do Rio Grande do Sul entregou, nesta quarta-feira (17), novos equipamentos para auxiliar o Instituto-Geral de Perícias (IGP) na conclusão de laudos periciais e na qualificação das ações do órgão em cenas de crime ou que demandem agentes. O investimento do Estado em quatro tipos de equipamentos comprados é de R$ 8 milhões.
Entre materiais adquiridos, está o RapidHit, mecanismo que realiza a análise de DNA em até 90 minutos. Com ele, a partir de uma única amostra coletada em uma cena de crime ou material biológico, será possível detalhar o perfil genético de um suspeito de cometer um crime ou de uma vítima de desaparecimento, por exemplo.
O secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, aponta que, com o novo equipamento adquirido pelo IGP, as ações policiais passarão a ser mais eficientes e resultarão uma maior taxa de sucesso por parte da polícia na conclusão de investigações e até mesmo prisões de criminosos.
— A questão da coleta de impressões digitais ou fragmentos, que levava horas, agora vai ser feita, talvez, em 5 minutos. Em um local de crime, quando o integrante do IGP detectar uma impressão, ele vai ter, por exemplo, a identificação de um criminoso e vai permitir sua prisão em flagrante ou sua prisão muito mais rápido. Da mesma forma, uma perícia de DNA. Um dado desses, muitas vezes, leva 12 dias para chegar e nós vamos ter perdido todo o time da investigação para pedir prisões — afirma Caron.
Apenas o Rio Grande do Sul e o Distrito Federal possuem a tecnologia no Brasil. Em toda América Latina, apenas em Mendoza, na Argentina e na Colômbia que agentes periciais tem o equipamento à disposição.
Presente no evento, o vice-governador do RS, Gabriel Souza, destacou que os investimentos poderão beneficiar em situações de calamidade pública no futuro, caso ocorram, como a tragédia no Vale do Taquari, que vitimou 54 pessoas em municípios da região.
— Sem esses equipamentos, por exemplo, a questão dos desastres, como no Vale do Taquari, nós demoramos semanas para identificar corpos e isso tem vários transtornos. Primeiro, para as famílias das vítimas que esperam ansiosamente para saber se aqueles corpos podem vir a ser um dos seus parentes. Com eles, poderemos agilizar essas identificações — apontou.
Também foram adquiridos Scanners 3D, que viabilizam a reconstrução de uma cena de crime, com laser e captura de imagens, em um período que varia entre 10 e 40 minutos. Segundo o IGP, o equipamento gera uma nuvem de pontos, na qual é feita um cálculo da distância e do tempo entre o scanner e o local, criando uma fotografia em 3D ou um modelo virtual do ambiente em que ocorreu um crime ou que necessita de uma perícia. Ao menos sete deles serão encaminhados para municípios do interior do Rio Grande do Sul.
Entre os investimentos entregues ao IGP, também está um cromatógrafo líquido especializado, que realiza a análise da massa de substâncias com alta precisão e sem a necessidade de um padrão analítico.
Crimes virtuais ainda são desafio para os peritos
Segundo o IGP, apesar de auxiliar em qualidade e melhorar a resposta quanto tempo para conclusão de laudos periciais, os investimentos ainda não suprem a necessidade do órgão. Atualmente, de acordo com a diretora-geral do IGP, Marguet Mitmann, laudos de crimes com a utilização de vozes demandam mais tempo para conclusão da perícia. Segundo o instituto, o motivo é a técnica utilizada e a necessidade de comparativos entre locuções.
— Temos muito gargalo ainda, mas temos ferramentas sendo adquiridas novamente com o apoio do Governo do Estado. Cada laudo e técnica desempenhada em local de crime na busca da prova é muito peculiar. Entre eles, a comparação de locutor, que tem que buscar a prova, um padrão, buscar a voz do suspeito e comparar. É um desafio — disse a diretora-geral do IGP.
Perícias de crimes informáticos também estão entre as preocupações do órgão, que deve receber novos investimentos ainda este ano.