O primeiro dos quatro júris marcados para julgar o traficante José Dalvani Nunes Rodrigues, conhecido como Minhoca, foi suspenso por volta do meio-dia desta segunda-feira (18). Após o sorteio dos jurados, Minhoca decidiu destituir a banca de advogados, comandada pelo advogado Jean Severo, na 2ª Vara do Júri do Foro Central, em Porto Alegre.
Com isso, a juíza Anna Alice da Rosa Schuch dissolveu o Conselho de Sentença, afirmando que nenhum réu pode ser julgado sem defesa. Minhoca e outros dois réus respondem por um homicídio qualificado que aconteceu em dezembro de 2016 no bairro Mário Quintana.
Em manifestação, o Ministério Público apontou que houve uma manobra para adiamento do júri, com uso de "má-fé processual" e afirmou que vai notificar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Também pediu que uma nova sessão seja marcada no prazo mínimo de dez dias, com a Defensoria Pública representando José Dalvani.
Procurado por GZH, o advogado Jean Severo afirmou que o réu não estava em condições de participar do julgamento.
— O acusado José Dalvani está praticamente surdo e não apresentava as mínimas condições físicas e mentais de participar do julgamento, uma vez que ficou recluso em presídio federal por sete anos. Infelizmente, faltou sensibilidade por parte da magistrada em redesignar uma nova data para o julgamento. A defesa estava pronta para o julgamento. No entanto, o acusado preferiu desconstituir a defesa para não ser julgado no dia de hoje, um direito que é seu — afirmou o defensor.
Além deste júri, Minhoca ainda tem outras três sessões previstas para os próximos dias em Porto Alegre. Como a banca de defesa é a mesma destituída nesse processo, ainda não há definição de como serão as sessões.
Os outros dois réus que respondiam neste mesmo processo receberam, em plenário, o benefício da liberdade provisória, caso não estejam presos por outros motivos.
Júris de Minhoca
Neste primeiro júri, Minhoca e mais dois réus são acusados de um homicídio em dezembro de 2016 no bairro Mário Quintana. No dia 20 de março, começa a sessão para julgar um crime que ocorreu em julho de 2016 no Rubem Berta.
No dia 22 de março, Minhoca será julgado com outros dois réus por homicídio em outubro de 2016. O último julgamento será no dia 26, com outros cinco réus, por um homicídio e três tentativas de homicídio em dezembro de 2016.
Está não é a primeira vez que Minhoca retorna ao Rio Grande do Sul para participar de júris. Em novembro de 2023, o preso foi absolvido da acusação de ser o mandante da morte de um casal no bairro Passo das Pedras, em Porto Alegre, em 2017.