Teve início nesta sexta-feira (23) o julgamento de dois recursos envolvendo o médico Leandro Boldrini, condenado duas vezes pela morte do filho, Bernardo, em 2014. Em uma das requisições, o Ministério Público (MP) pede o aumento da pena do médico. Já na outra, a defesa pede a nulidade do segundo julgamento, realizado em 2023.
Segundo o Tribunal de Justiça do RS (TJRS), a sessão ocorre virtualmente, sem videoconferência. A previsão de conclusão do julgamento e leitura da decisão é para a próxima quinta-feira (29). Após isso, o resultado será disponibilizado no processo.
A relatoria dos recursos ficou por conta do desembargador Rinez da Trindade. Também votam o desembargador José Luiz John dos Santos e o Juiz de Direito Thiago Tristão Lima. Como a votação é fechada, nem MP nem a defesa podem acompanhar os cinco dias de análise processual e precisam aguardar o resultado ao final do julgamento.
Em março do ano passado, Boldrini foi condenado, pela segunda vez, a 31 anos e oito meses de prisão por homicídio quadruplamente qualificado do filho Bernardo Uglione Boldrini. O menino tinha 11 anos em 2014 quando foi morto pela madrasta em Três Passos, onde residia com a família.
O segundo julgamento ocorreu porque o primeiro, realizado em 2019, foi anulado no final de 2021. Boldrini havia sido condenado a 33 anos e oito meses de prisão, sendo 30 anos e oito meses por homicídio, dois anos por ocultação de cadáver e um ano por falsidade ideológica. O motivo da anulação foi o fato de que a Justiça considerou que houve quebra da paridade de armas — ou seja, igualdade de tratamento entre as partes do processo — durante o interrogatório do réu.
O caso Bernardo
Em 14 de abril de 2014, aos 11 anos, Bernardo Uglione Boldrini foi encontrado morto, após ter permanecido 10 dias desaparecido. O menino morreu após receber uma superdosagem de sedativo.
O corpo de Bernardo estava em um matagal, dentro de um saco, enterrado na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. Bernardo morava com o pai, a madrasta e uma meia-irmã, de um ano, no município de Três Passos.
O pai chegou a afirmar que o garoto havia retornado com Graciele de uma viagem a Frederico Westphalen, no dia 4, quando teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo.
Todos foram condenados pelo Tribunal do Júri em 2019, mas a sentença de Leandro foi anulada. Em 2023, ele foi novamente condenado pelo crime.
Na prisão desde 2014, Boldrini atingiu o requisito de tempo previsto para passar do regime fechado para o semiaberto. Ele cumpriu dois quintos da pena, por isso, alcançou o direito à progressão, já que trabalhou desde o início. Boldrini atuava na cozinha da prisão onde estava. Em julho passado pôde deixar a prisão e permanecer em casa com tornozeleira eletrônica.
Em setembro do ano passado, Boldrini também foi condenado a oito anos de prisão pelos crimes de tortura, abandono material e submissão a vexame e constrangimento cometidos contra o filho. O processo corria em paralelo ao que havia condenado o médico a 31 anos e oito meses de prisão. Graciele Ugulini, madrasta do menino, também foi condenada pelos mesmos crimes.
Atual situação dos réus
- Leandro Boldrini (pai) está no regime semiaberto, cumprindo pena no Presídio Regional de Santa Maria.
- Graciele Ugulini (madrasta) está no regime fechado, cumprindo pena no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier
- Edelvânia Wirganovicz (amiga de Graciele) está no regime semiaberto, em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.
- Evandro Wirganovicz (irmão de Edelvania) já cumpriu a pena de prisão, extinta em 23 de janeiro de 2024.