A Brigada Militar abriu sindicância para verificar por que um homem negro, ferido a faca, foi preso por PMs antes do seu agressor. A vítima é o motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, 40 anos, que foi detido e liberado. O fato aconteceu no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, e a filmagem da prisão viralizou nas redes sociais, ensejando inclusive suposições de racismo. O autor do golpe com a faca, um homem branco grisalho, também foi detido, posteriormente.
A BM distribuiu nota, informando sobre a investigação. “Referente à ocorrência atendida pelo 9⁰ Batalhão de Polícia (9⁰BPM) na manhã deste sábado no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, a BM informa que os dois homens envolvidos em uma ocorrência de vias de fato foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos. O comando de Policiamento da Capital da Brigada Militar está abrindo neste sábado (17/2) sindicância para apurar as circunstâncias da abordagem”, diz o texto.
A reportagem conversou com integrantes da cúpula da BM, que preferem falar apenas reservadamente. Eles consideram que pode ter havido erros na abordagem, mas não acreditam em racismo, até porque alguns dos policiais envolvidos, acreditam as fontes ouvidas por GZH, também podem se identificar como negros. O mais provável, no entender deles, é que o nervosismo da vítima ao cobrar ação policial tenha resultado em reação com algum excesso dos PMs. Mas isso precisa ser comprovado via filmagens e testemunhos, que já estão sendo anexados à sindicância.
O governador Eduardo Leite também se manifestou, via Twitter, sobre a controvérsia:
“Sobre a prisão de um homem negro que seria vítima de tentativa de homicídio em POA, determinamos via Corregedoria da Brigada Militar a abertura de sindicância para ouvir imediatamente testemunhas e apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade. Renovo minha absoluta confiança na BM e nos homens e mulheres que compõem nossas forças de segurança. Inclusive, em respeito aos dedicados profissionais que as integram, é que a apuração da conduta será célere e rigorosa”.
Os dois envolvidos no episódio foram ouvidos pela Polícia Civil e liberados. O motoboy deve responder por desacato à autoridade (teria resistido à abordagem dos PMs). O homem com a faca, por lesão corporal leve. Ambos os crimes, no país, não resultam em prisão. Será também investigada a conduta dos policiais militares, para verificar se houve racismo.