Aos gritos de “se nota, se sente, Sarah está presente”, cerca de 70 pessoas, entre alunos e amigos de Sarah Silva Domingues, 28 anos, estiveram presentes em protesto, realizado nesta terça-feira (30), em frente à UFRGS. O ato pedia por justiça pelo assassinato da estudante na Ilha das Flores, em Porto Alegre, na noite de 23 de janeiro.
O grupo se reuniu em frente à Faculdade de Educação da UFRGS por volta das 17h e saiu em caminhada até a Rua Sarmento Leite, no Centro Histórico.
Sarah era natural de São Paulo e estudava Arquitetura e Urbanismo na UFRGS. Ela fazia pesquisa de campo na Ilha das Flores quando foi baleada. Segundo a Polícia Civil, o alvo da ação era o dono de um comércio no local, identificado como Valdir dos Santos Pereira, 53 anos, que também foi morto no ataque a tiros.
Vinícius Stone, 30, namorado de Sarah, esteve presente no ato que pedia justiça e mais segurança. Tanto o companheiro quanto a família aguardam respostas sobre a demora para que o Departamento Médico Legal (DML) libere o corpo da vítima, que está em Jundiaí, no interior de São Paulo, aguardando para ser cremado.
Segundo Stone, a liberação do corpo de Sarah depende de uma decisão da Justiça do RS, que precisa autorizar a cremação de um corpo de vítima de homicídio. Se houver liberação, ela será levada para ser cremada em Itatiba (SP).
— Claro que a gente deseja que a justiça seja feita e que haja responsabilidade. Agora, é um absurdo a não liberação do corpo para que a família possa se despedir e cremar. Esse era o desejo da Sarah. Ter que aguardar, depois de uma semana, nos dói ainda mais — afirmou. — Acordar todos os dias e não ver ela ali do lado é uma coisa que não tem explicação. Não tem presença que supra a ausência que ela deixa. Teremos muitas lutas para honrar o legado dela — emendou Vinícius.
Os laudos de necropsia para identificar os calibres das balas que os atingiram ainda são aguardados.
Pesquisa buscava solução para habitação de moradores das ilhas
De acordo com o namorado de Sarah, a estudante estava finalizando uma última etapa do projeto de intervenção do curso de Arquitetura e Urbanismo. O trabalho da estudante era baseado no impacto das enchentes na região das ilhas e em como encontrar soluções para os habitantes seguirem residindo na localidade.
Entre as alternativas apresentadas no estudo de Sarah, estavam a realocação dos moradores das comunidades em pontos menos afetados do bairro Arquipélago e a elevação de residências frequentemente atingidas pelas cheias de maneira sustentável.
— Na pesquisa, ela explica e mostra que a ilha funciona como uma esponja para o resto da cidade. No fim do ano passado, ela estava finalizando a parte escrita. Agora, nós vamos dar um jeito de publicar esse trabalho dela. Conversamos com a orientadora dela e com a faculdade também. Estamos verificando a possibilidade de cumprir com essa homenagem — contou.