Um suspeito de envolvimento num caso brutal, ocorrido em São Leopoldo, no Vale do Sinos, foi preso pela Polícia Civil. Um homem de 34 anos foi detido de forma temporária durante a investigação do assassinato de uma mulher, que teve o corpo encontrado dentro de uma mala no Rio dos Sinos, no início deste mês. A vítima, identificada como uma jovem de 29 anos, que residia no município do Vale do Sinos, foi esquartejada.
Segundo a Polícia Civil, a equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Leopoldo prendeu o suspeito na última sexta-feira (19). A prisão só foi confirmada no início da tarde desta terça-feira (23). Ele é considerado o principal suspeito do assassinato.
Ainda segundo a polícia, a hipótese é de que o homem tenha cometido o crime em razão de dívidas contraídas pela vítima, por conta do tráfico de drogas. A mulher já teve envolvimento com o tráfico de entorpecentes. No entanto, não tinha nenhuma posição de liderança em algum grupo criminoso.
Após ser preso, o homem foi levado à DHPP, onde prestou esclarecimentos sobre o caso. Ele não teve o nome divulgado pela polícia até o momento. Aos investigadores, ele negou que tenha envolvimento na morte e esquartejamento da vítima. O preso tem antecedentes por homicídio e tráfico.
A equipe da DHPP investiga se o homem agiu sozinho ou se o assassinato teve participação de outras pessoas. A polícia aguarda o laudo da perícia realizada no corpo da vítima para confirmar de que forma ela foi morta. Em nota, a Polícia Civil qualificou a prisão temporária do suspeito como de “extrema importância no combate aos homicídios no município, em especial ao cometido contra esta vítima, de maneira bárbara”.
GZH entrou em contato com a delegada Mariana Studart, responsável pela investigação, que informou não poder se manifestar sobre o caso, em razão da orientação da Associação dos Delegados de Polícia (Asdep) para que a categoria não conceda entrevistas à imprensa sobre operações e investigações, com intuito de pressionar o governo estadual a avançar nas negociações sobre as reivindicações salariais.
O caso
A mala foi localizada às margens do Rio dos Sinos, num valão próximo da Avenida João Correa, no bairro Vicentina. A área é de difícil acesso e fica perto de uma casa de bombas do Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae). Um pescador estava às margens do Rio dos Sinos em São Leopoldo, na tarde do dia 4 de janeiro, quando avistou uma mala. Ao abri-la, deparou com um cadáver de uma mulher esquartejado. Policiais do 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM) foram acionados, após o pescador localizar a mala no rio e encontrar o corpo.
O caso passou a ser investigado pela equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Leopoldo. Com auxílio do Instituto-Geral de Perícias (IGP), a vítima foi identificada como uma jovem de 29 anos. O nome não foi divulgado pela Polícia Civil até o momento. O estado em que se encontrava o corpo indica que a mulher teria sido morta no máximo dois dias antes de ser encontrada. As roupas da vítima estavam dentro da mala. Aparentemente, ela estava vestida quando foi esquartejada.
A investigação
A polícia inicialmente chegou a acreditar que o crime pudesse ter outra motivação. Havia suspeita de que o caso se tratasse de um feminicídio. Mas a investigação também já apurava o possível envolvimento do crime organizado, em razão do histórico da vítima. Episódios de esquartejamentos ou decapitações não são tão incomuns no mundo do crime organizado, especialmente quando envolvem vinganças contra rivais.
Este caso, no entanto, despertou a atenção das autoridades pela brutalidade e também por outros detalhes. Em geral, quando a execução envolve desavenças entre grupos criminosos, os bandidos costumam deixar o corpo da vítima na área de traficantes rivais, como forma de afronta aos inimigos. Em julho do ano passado, por exemplo, uma cabeça de um homem foi jogada numa calçada na Avenida Moab Caldas, na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre.
Neste caso de São Leopoldo, o corpo estava depositado no interior de uma mala, aparentemente nova, e foi arremessado no rio, num local de difícil acesso. Esta não é uma forma usual de agir do crime organizado. Ainda assim, segundo a polícia, o que foi apurado até o momento indica que a motivação estaria relacionada às dívidas de tráfico. Os detalhes de como teria acontecido o crime ainda não foram divulgados pela investigação.