Convocado a participar da etapa final do processo seletivo de um programa de residência médica, o médico Leandro Boldrini, condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho Bernardo Uglione Boldrini, ainda não confirmou sua presença.
O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) informou nesta terça-feira (26) que ainda não houve contato de Boldrini ou de representantes da defesa sobre a participação dele na etapa promovida pela instituição de saúde. Ele tem até o dia 3 de janeiro para confirmar a presença. A prova final será no dia 4 e consiste em uma entrevista de avaliação sobre o currículo profissional.
Atualmente, Leandro Boldrini cumpre pena em regime semiaberto no Presídio Regional do município da Região Central. Ele concorre a vaga de residente em coloproctologia. O resultado final será divulgado em 11 de janeiro, segundo o hospital. O advogado dele, Rodrigo Grecelle Vares, disse que não conversou com Boldrini sobre o assunto.
Boldrini já havia participado de uma prova teórico-objetiva, em 19 de novembro, quando foi um dos 13 convocados no processo. O exame é organizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) e seleciona um candidato. Se aprovado, Boldrini começará a atuar em 1º de março.
Segundo o Husm, o processo ocorre anualmente para todas as especialidades e não há ilegalidade na realização da prova, caso o apenado participe da última etapa do processo.
Procurado, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) informou que avalia as questões éticas e técnicas, e que questões de natureza cível ou criminal cabem às esferas responsáveis. Em novembro, Boldrini foi absolvido no julgamento de um processo disciplinar no Cremers. No conselho, era apurada a conduta dele do ponto de vista ético.
Na última sexta-feira (22), o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP) enviou ao Cremers uma petição de habilitação em que questiona a decisão do processo ético-disciplinar de Boldrini. O argumento do órgão foi de que apenas a instituição pode representar a criança no caso, já que a mãe e a avó de Bernardo faleceram. O conselho disse que recebeu a manifestação do MP e alegou que há interesse na participação do órgão no acompanhamento, para que fique esclarecido que o Cremers avalia apenas questões profissionais, e não o histórico criminal do médico.