Em um roubo milionário, criminosos armados com fuzis e pistolas renderam funcionários de uma empresa de distribuição de energia por cerca de cinco horas, e deixaram um prejuízo avaliado em cerca de R$ 2,4 milhões. O caso ocorreu em janeiro, dentro do centro de distribuição da empresa CEEE Equatorial no município de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. A operação desencadeada nesta terça-feira (17) busca responsabilizar e prender dois dos envolvidos no caso. A ação teve início por volta das 4h30min e seguiu até o começo da tarde, realizada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil.
As equipes buscaram cumprir dois mandados de prisão temporária e três de busca e apreensão. Dos dois criminosos alvos da ação, um foi localizado e preso. O outro indivíduo não foi localizado pelas equipes e é considerado foragido. Na ação, outro homem também foi detido, em flagrante, porque estava em posse de uma pequena quantidade de cabos de alumínio. No entanto, ele foi liberado depois que a procedência do material foi verificada pela polícia. A operação se concentrou na zona norte da Capital.
Os policiais ainda apreenderam armas, munições, fios e roupas da empresa assaltada.
Os dois indivíduos procurados seriam os responsáveis pela logística do roubo e teriam ajudado na fuga de comparsas, explica o delegado Luís Antônio Firmino.
— O homem preso era nosso alvo principal neste trabalho. Foi detido pelo mandado que já existia contra ele, em razão do roubo, e também em flagrante, pois encontramos armas em sua residência.
O roubo ocorreu no dia 21 de janeiro deste ano, um sábado, por volta das 20h30min, quando mais de 10 indivíduos armados e encapuzados invadiram o local, no bairro Industrial, em Eldorado do Sul, com duas carretas e um caminhão. A ação começou quando dois seguranças, que faziam a ronda na empresa, foram rendidos. Os dois tiveram suas armas e coletes balísticos retirados pelos criminosos. As vítimas foram obrigadas a se despir, ficando apenas com roupa íntima, e foram trancadas em um contêiner do centro de distribuição.
Outros dois trabalhadores, que estavam dentro de uma guarita aguardando um carro por aplicativo para ir embora, também foram feitos reféns. Eles foram obrigados a ajudar a carregar as carretas e o caminhão com as bobinas de cobre, sobre violência física e ameaças. Cada uma das bobinas pesa cerca de uma tonelada, segundo a polícia.
Inicialmente, o caso foi investigado pela delegacia da região, e depois chegou às equipes da Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio e Serviços Delegados (DRCP), do Deic.
Segundo o titular, Luís Antônio Firmino, o roubo vinha sendo investigado há cerca de seis meses. Após ouvirem testemunhas e realizarem diligências, a equipe chegou à identificação de dois homens:
— Ouvimos mais de uma dezena de testemunhas, verificamos diversos veículos que pudessem ter participado do roubo e conseguimos chegar até as imagens que mostram o resgate de criminosos que atuaram na ação. Os dois alvos desta manhã são os homens que chegam no veículo preto para resgatar os comparsas.
Nas cenas obtidas, é possível ver dois criminosos abandonando um carro, um Gol, roubado de uma das vítimas, e se deslocando até outro veículo, para seguirem em fuga. É neste carro que estão os alvos da ação desta terça.
Roubo durou cinco horas
A ação criminosa levou cerca de cinco horas e terminou quando os indivíduos deixaram o local tripulando as duas carretas e o caminhão, cheios de cobre.
Antes de fugir, a quadrilha colocou todas as vítimas dentro da guarita, sentadas no chão, e afirmou que deveriam permanecer ali por 40 minutos. Se saíssem antes, seriam baleados por um indivíduo que observava o local escondido no matagal em frente à sede. Quando conseguiram se libertar, os funcionários acionaram a Brigada Militar.
Segundo o Deic, o prejuízo chegou a R$ 2,4 milhões e a carga levada nunca foi recuperada.
— A empresa não nos informou quantas bobinas de cobre foram levadas. Pelo valor do prejuízo que tiveram, presumimos que seja algo em torno de 30 toneladas de cobre roubadas, já que foram utilizados três veículos grandes para levar a carga.
Segundo o delegado, a investigação seguirá em andamento para identificar demais envolvidos no roubo.
A diretora do Deic, a delegada Vanessa Pitrez pontua que esse tipo de ação, em que são roubadas grandes quantidades de cobre, apresenta mais riscos às vítimas, diferente de casos em que o material é furtado de residências.
— A busca pelo cobre teve alguns episódios mais violentos esse ano. Investigamos alguns casos que saem da seara do costumeiro furto de pequena quantidade e se voltam para o roubo a mão armada por quadrilhas especializadas. Foi assim com os fatos ocorridos nos canteiros de obras quando no mês passado e início desse mês desmantelamos dois grupos criminosos que praticaram esses crimes. O fato que gerou a operação de hoje tem o mesmo contorno, eis que toneladas de cobre puro foram roubadas de uma estação de energia da CEEE equatorial, por uma quadrilha fortemente armada. Desta forma o Deic está focado na identificação e responsabilização destes grupos criminosos, dando a reposta de que este tipo de crime não vai se instalar em território gaúcho — frisa Pitrez.