Foi preso na tarde desta quarta-feira (6) Marcio Ronei Hack, 55 anos, que estava escondido em um matagal desde o último sábado (2), após assassinar a ex-companheira, Luciana Leonardo Batista, 49, em Três Coroas, no Vale do Paranhana. O homem foi localizado por equipes da Brigada Militar andando em uma área de mata de Santo Antônio da Patrulha. Conforme a polícia, o crime, investigado como feminicídio, ocorreu porque o homem não aceitava o fim do relacionamento com a vítima, que tinha medida protetiva vigente para que ele não se aproximasse.
Hack foi levado a delegacia de Santo Antônio da Patrulha, onde prestaria depoimento na tarde desta quarta. Depois, seria conduzido a uma casa prisional, onde ficará detido preventivamente — a ordem de prisão já havia sido determinada durante a semana.
O crime ocorreu na tarde de sábado (2), por volta das 15h, quando o homem surpreendeu a ex na rua e passou a desferir facadas. Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento, assim como demais pessoas que andavam na via. Ela é atacada inicialmente pelas costas, mas também recebe facadas na região do abdômen. Tenta se afastar do homem, mas ele prossegue com a agressão. Depois, ele foge e a vítima senta na calçada e aguarda o socorro. Ela chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Ainda no sábado, após o crime, a Brigada Militar encontrou o agressor no interior de Três Coroas e tentou abordá-lo, mas ele fugiu. As equipes afirmaram que o homem se deslocou de carro em direção a Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte. No trajeto, teria ultrapassado uma praça de pedágio, arrancando a cancela. Durante a fuga, capotou o carro e o abandonou na RS-474, entrando a pé em um matagal por volta das 19h.
Conforme o delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari, titular da Delegacia de Polícia de Três Coroas, o homem foi avistado por uma testemunha, nesta quarta, andando na região de mato da localidade de Monjolo, em Santo Antônio, a cerca de seis quilômetros de onde abandonou o veículo:
— No começo da tarde, uma pessoa viu um homem caminhando em campo aberto nessa região, achou suspeito e contatou a polícia. As equipes da Brigada militar o encontraram e realizaram a prisão. Informalmente, disse aos policiais que estava no mato desde sábado. Afirmou que durante as buscas, o cerco, chegou a ouvir a voz de um policial bem perto dele, mas que ficou escondido e imóvel. Só voltou a se movimentar depois de perceber que não havia mais nenhuma movimentação por perto.
O capitão Thaires Selister, comandante da Companhia Policial Militar de Santo Antônio, disse que as equipes estavam mobilizadas, desde o dia do crime, nas buscas ao agressor.
— Demos uma resposta a este crime bárbaro que aconteceu em Três Coroas, com a apresentação do indivíduo à Justiça, para que pague sua conta com a sociedade — pontuou Selister.
O celular do agressor foi apreendido na casa dele e encaminhado para perícia. A polícia também aguarda mais laudos, como o de necropsia da vítima. O inquérito deve ser concluído em 10 dias.
Não aceitava fim do namoro
Conforme Caliari, o depoimento de pessoas próximas à vítima e ao agressor afirmam que ele não aceitava a decisão de Luciana de encerrar o relacionamento.
Os dois teriam se conhecido em 2021, quando engataram o namoro. No último mês de junho, a mulher procurou a polícia e registrou ocorrência por vias de fato contra o homem. Segundo a polícia, no mesmo dia, obteve medida protetiva, expedida pela Justiça, que determinava que Hack não poderia se aproximar dela.
— No entanto, a investigação mostrou que ele seguiu procurando a ex e também a família dela. Não aceitava esse término. Infelizmente, não nos foi comunicado que ele vinha descumprindo a protetiva. Possivelmente a vítima não informou a polícia porque não queria mais problemas, só queria encerrar essa situação toda, resolver da melhor forma possível. Os familiares afirmam que ele estava desempregado e ela que sustentava a casa. Afirmam que ela teria até oferecido seguir ajudando ele com um cesta básica por mês, mas que não concordava em reatar — pontua o delegado.
Conforme a polícia, Luciana era mãe de dois filhos já adultos. Há alguns anos, tinha se mudado para Mato Grosso com o marido, que morreu durante a pandemia. Ela então retornou a Três Coroas, para ficar perto de familiares.
— Ela estava bem financeiramente, tinha se estabelecido, os filhos já criados. Ouvimos alguns familiares do homem que alegam que ele tinha uma conduta conturbada, que até se afastaram dele. A vítima também decidiu se afastar, mas infelizmente teve esse fim trágico, covarde — diz o delegado.
Ele afirma ainda que Hack já tinha outras ocorrências registradas por violência doméstica, de relacionamentos anteriores. Uma delas é de 2007, de uma mulher com quem ele tem um filho. Outro boletim foi registrado em 2018, por outra ex-companheira.
Contraponto
Por volta das 15h, a Polícia Civil informou que Hack ainda não havia constituído advogado.