A Delegacia da Polícia Federal em Santa Maria concluiu o inquérito sobre a Operação Maturin, deflagrada no dia 3 de agosto em seis cidades gaúchas e uma catarinense. Foram cumpridos 20 mandados de prisão, entre preventiva e temporária, na maioria em cidades da região central do Estado. Vinte e duas pessoas foram indiciadas.
Conforme a PF, os alvos da operação são integrantes de um grupo investigado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Dos 20 que tinham mandados de prisão decretados, apenas o advogado Jeronimo Temp Martins, que havia sido preso temporariamente, não foi indiciado. Outras três pessoas que não haviam sido alvos no dia da operação acabaram incluídos no indiciamento. Os crimes são de tráfico de drogas, associação para o tráfico e, no caso de alguns, lavagem de dinheiro.
Gabriel Mathias Bataglin, 24 anos, é apontado pela PF como o líder do grupo e está preso. Ele seria o responsável por organizar toda a logística de compra das drogas, que vinham do Uruguai e de Santa Catarina, e de distribuição dos entorpecentes. Nas redes sociais, ele se apresenta como empresário e dono de uma rede de distribuidoras de bebidas em Santa Maria — os estabelecimentos, segundo a PF, seriam usados para lavar dinheiro do tráfico e foram fechados por ordens judiciais.
O pai e a mãe dele também foram detidos na operação, mas apenas Gabriel continua preso. Os três foram indiciados pelos três crimes. O pai, Edson Pereira Bataglin, é servidor do município de Santa Maria desde o ano 2000. Atualmente, está lotado na Guarda Municipal. Conforme o portal da transparência da prefeitura, o seu último salário teve vencimento de R$ 7,2 mil. A esposa dele e mãe de Gabriel é Andreia da Silva Bataglin.
A família é defendida pelo advogado Jeronimo Temp Martins, que chegou a ser preso temporariamente no dia da operação. A suspeita da PF era de que ele extrapolou as funções de advogado da empresa e dos suspeitos. Ele recebeu habeas corpus três dias após a prisão.
Conforme o delegado Leonei Moura de Almeida, responsável pela investigação, foi necessário antecipar a conclusão do inquérito por conta dos prazos envolvendo suspeitos que já estavam presos. Quanto o não indiciamento do advogado, o delegado afirma que, como ainda há materiais apreendidos a serem analisados, há a possibilidade de novos indiciamentos complementares.
Agora, os indiciamentos seguem ao Ministério Público Estadual que analisará se vai denunciar os suspeitos.
Contraponto
O advogado Jeronimo Temp Martins alega que a sua prisão foi um excesso, celebra o fato de não ter sido indiciado e diz que seus clientes — Gabriel Mathias Bataglin, Edson Pereira Bataglin e Andreia da Silva Bataglin — são inocentes.
— Houve uma tentativa de cerceamento de atuação do advogado com base em suposições. Isso ficou bem claro no meu habeas corpus, em que o desembargador frisou que houve um cerceamento de atuação da minha profissão. Eu não extrapolei os limites em nenhum momento. E, agora, mais do que nunca, ficou claro que não houve nenhum crime praticado da minha parte. Com relação aos meus clientes, eles estão sendo apenas indiciados, vai iniciar todo um processo, onde há o contraditório e a ampla defesa, e será possível demonstrar e comprovar a inocência deles — afirma Muller.