A Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira (1º) uma operação nas zonas Sul e Leste de Porto Alegre e em duas casas prisionais em uma investigação sobre tráfico de armas e drogas. Criminosos de outros Estados estariam ofertando armamento de grosso calibre para facções gaúchas.
Suspeitos do Paraná e São Paulo gravaram vídeos para anunciar, por exemplo, fuzil calibre 556 por R$ 60 mil, podendo chegar até R$ 80 mil em alguns casos, e pistolas israelenses por R$ 12 mil, sendo que algumas foram vendidas até por R$ 20 mil. Conforme inquérito instaurado pela 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), três negociações foram realizadas, mas dezenas são apuradas.
O delegado Guilherme Dill, que investiga o caso há seis meses, diz que a maior parte do armamento vem do Paraguai e, após serem ofertados para criminosos gaúchos, é revendido dentro do Estado. Além de fuzis e pistolas, os criminosos — também de São Paulo e Paraná — aproveitam os mesmos vídeos para oferecerem maconha e cocaína.
A polícia já tem as identificações de alguns envolvidos de fora do Estado, no entanto, eles serão foco de investigação posterior. No momento, oito criminosos gaúchos foram identificados por comprar um fuzil e algumas pistolas dos suspeitos. Segundo Dill, quatro deles estão no sistema prisional e deram ordens para que as negociações fossem realizadas.
Outros quatro integrantes de facção gaúcha, que também são alvo da apuração, atuam nos bairros São José, zona leste da Capital, e Aberta dos Morros, zona sul. Desta forma a chamada "Operação Collis Crucis" contou com 20 policiais civis e 20 policiais penais. Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e em duas casas prisionais: Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul (Pess) e Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Até as 7h, uma pessoa foi presa em flagrante, uma arma e R$ 2 mil foram apreendidos. No presídio de Sapucaia a polícia apreendeu cinco celulares e drogas.
— Estamos investigando todo este esquema criminoso que, com certeza, não envolve só o Rio Grande do Sul. As investigações continuam e nosso foco é ver se, além destes oito suspeitos que estão na nossa mira, outros e até de outras organizações criminosas também estão comprando armamento e ainda drogas destes paulistas e paranaenses — explica Dill.
O delegado diz ainda que está investigando a lavagem de dinheiro realizada pelos criminosos gaúchos. Por isso, Dill solicitou e a Justiça deferiu o bloqueio de oito contas bancárias — todas em nome de laranjas — vinculadas aos oito criminosos do Estado. Os nomes dos investigados não foram divulgados.
Conforme consta no inquérito do Denarc, os criminosos moviam grandes quantias de dinheiro, não só para a compra de armamento, mas também para aquisição de entorpecentes.
— O monitoramento dos líderes das facções gaúchas é constante, certamente contribuirá para a redução ainda maior de crimes graves, como homicídio e latrocínios, todos com grande ligação ao crime organizado — destaca o delegado.
Áudios
O delegado Dill divulgou dois áudios que também foram usados como provas para obter os mandados judiciais. Em um deles, um criminoso do Paraná oferece armas por R$ 9 mil, afirmando que leva até Porto Alegre, apesar de alertar sobre os riscos. Ele também encaminha imagens para os compradores verificarem o armamento.
Em outra gravação, outro vendedor de fora do Estado oferece pistolas isralenses por R$ 12 mil e mais munição, mas daí com valor que chega a R$ 13 mil.