Devem ser indiciados nos próximos dias, segundo a Polícia Civil, os dois presos no sítio onde foram encontradas e apreendidas 71 armas, em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte. O caso chamou atenção pela quantidade do arsenal e as circunstâncias em que foi localizado: enterrado em propriedade rural, às margens da RS-030. A ação que recuperou os armamentos foi realizada pela Brigada Militar (BM) no último dia 8.
Veja o que já se sabe sobre o caso
Quais as armas apreendidas no sítio?
Entre as armas localizadas, havia nove fuzis, 40 pistolas, 19 revólveres, duas espingardas e uma submetralhadora. Também foram encontrados produtos que costumam ser misturados em cocaína para aumentar a produção da droga. Com a apreensão, as autoridades locais estimam em cerca de R$ 1 milhão o prejuízo ao grupo criminoso apontado como responsável pelo arsenal.
Quem são os dois presos?
Os dois homens presos no sítio foram identificados como Rafael de Moura, 31 anos, e Felipe Bandeira Ney, 28. A dupla segue detida, segundo a polícia. A reportagem entrou em contato com a defesa dos dois e aguarda posicionamento.
Duas mulheres, que seriam companheiras dos detidos, também estavam no sítio e foram levadas para a delegacia. Elas foram liberadas na sequência. Três crianças que estavam na propriedade foram encaminhadas ao Conselho Tutelar.
Qual o andamento da investigação?
No comando da investigação do caso, o delegado Valdernei Tonete afirma que as equipes seguem com a apuração, reunindo informações sobre o caso. Ele diz que aguarda por laudos que estão sendo feitos pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
O inquérito deve ser encaminhado nos próximos dias. Tonete adianta que os dois homens presos devem ser indiciados por tráfico de drogas, porte e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e porte e posse de arma de fogo com numeração rapadas.
— Algumas delas (das armas) não estavam com a numeração raspada, então conseguimos verificar a quem pertenciam. Já temos bastante informação. O fato em si está resolvido, mas é possível que tenhamos ainda alguns desdobramentos, inclusive com mais pessoas envolvidas sendo identificadas. O mais importante é que 71 armas que seriam usadas no crime organizado, no aumento da violência, foram retiradas de circulação. Muitas vidas foram poupadas com essa ação — disse Tonete.
Como a polícia soube que havia armas no sítio?
Naquela tarde de 8 de agosto, a BM foi a propriedade após receber denúncia anônima de que o local estaria armazenando arsenal. Os policiais militares precisaram escavar o terreno para localizar o armamento, que estava dentro de tonéis de plásticos enterrados.
Os homens presos no local são de Pelotas, no sul do RS, segundo o major Luiz César Lima dos Santos, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM):
— No momento da prisão, comentaram, informalmente, que não tinham conhecimento sobre as armas. Alegaram uma história esdrúxula de que estavam ali veraneando, em pleno agosto.
Segundo a BM, o grupo criminoso responsável pelo local está sendo monitorado pelas autoridades há algum tempo.
— Em 2020, teve uma primeira prisão de um indivíduo que pertence ao grupo. Desde então temos dado atenção a atuação deles, pois vimos que há bastante fluxo na região. Eles já estavam no nosso radar, e também tivemos uma denúncia anônima naquele dia — explica o major.
O que diz a defesa dos presos
O advogado Marcio Lotufo Valli, que atende os dois homens, afirmou que aguarda a conclusão do inquérito policial para se manifestar. Ele adiantou que os dois negam envolvimento e que estavam na casa para ficar alguns dias, junto de seus familiares, "tanto que estavam com as companheiras e filhos" no sítio.