Um tipo de estelionato mais velho que a maioria dos leitores de GZH continua a fazer vítimas no Rio Grande do Sul. É o golpe do bilhete que, apenas em julho, fez mais de 30 gaúchos perderem dinheiro – em alguns casos, fortunas. A média é de um enganado por dia. O prejuízo é tamanho que a Polícia Civil resolveu desencadear, nas redes sociais, uma campanha contra esse tipo de crime. Os anúncios com o alerta são da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações (DRCID), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Conforme o delegado Thiago Albeche, da DRCID, nesse tipo de delito a vítima é abordada por um criminoso, que se faz passar por uma pessoa humilde à procura de um endereço ou local que não existe e que possui um bilhete da loteria. Outros golpistas aparecem em cena, simulam ajuda e confirmam o suposto bilhete como verdadeiro. Eles fingem ligar para um gerente da Caixa (administradora de loterias no Brasil, que confirma o suposto bilhete como verdadeiro. Na realidade, o suposto gerente é da quadrilha. Na sequência, convencem a vítima a transferir valores para o falso vencedor, como garantia para o recebimento do prêmio.
O golpe foi noticiado pela primeira vez na imprensa na década de 1930. Por incrível que pareça, passados mais de 80 anos o delito continua fazendo vítimas. Em 2 de julho, a Polícia Civil desencadeou a Operação Tessera Fábula (golpe do bilhete, em latim), pela qual prendeu quatro pessoas. Elas tinham lucrado mais de R$ 2 milhões com falsos bilhetes de loteria aplicados contra incautos na região de Passo Fundo. Depois, foram rastreadas por aplicar esse tipo de estelionato em Porto Alegre. Só em relação a uma idosa, no bairro Moinhos de Vento, os golpistas lucraram R$ 200 mil, dólares e joias, entregues por ela na suposição de que também ganharia o prêmio inexistente da loteria.
Como a maioria dos estelionatos, o golpe costuma dar certo porque conta com colaboração involuntária da vítima, que se deixa atrair por uma oferta de ganho fácil. O delegado Albeche salienta que as pessoas não devem confiar em estranhos, muito menos quando pedem dinheiro, sem amparo de instituições confiáveis e sem garantias. A Polícia Civil continuará a campanha de alerta sobre esse e outros golpes.