A Polícia Civil faz, na manhã deste domingo (2), a Operação Tessera Fabula contra o golpe do bilhete, em Passo Fundo. Até as 8h, quatro pessoas haviam sido presas. A investigação começou em março, depois que uma idosa, moradora de Porto Alegre, foi vítima. Ela perdeu para os golpistas R$ 200 mil, US$ 3,5 mil e joias. A polícia estima um prejuízo total das vítimas, em período de cerca de quatro meses, de R$ 2 milhões.
O trabalho é da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações (DRCID) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), com apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo. Os policiais cumprem cinco mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva.
No bairo São Cristóvão, na casa de um dos presos apontado como um dos principais golpistas, a polícia localizou dinheiro (em reais, dólares e pesos), joias e um bilhete que seria usado para enganar as vítimas. Também foi apreendido um veículo Jeep Compass.
O delegado Thiago Albeche, que conduz a investigação, disse que a polícia procura mais vítimas:
— Pedimos que as pessoas que foram abordadas por esses suspeitos superem eventual constrangimento e procurem a delegacia, o Deic, em Porto Alegre, para fazer o reconhecimento. Com isso, eles serão processados por mais crimes e a soma de penas fará com que fiquem mais tempo presos.
Conforme a polícia, a principal célula de golpistas é a de Passo Fundo, onde outras operações já ocorreram. Os investigados, segundo o delegado, fazem parte de uma associação criminosa especialista em aplicar golpes na modalidade conto do bilhete.
A investigação começou em março, a partir de golpe aplicado contra uma idosa no bairro Moinhos de Vento, na Capital.
Ela foi abordada por uma mulher, integrante do grupo, na Rua 24 de Outubro. A golpista pediu ajuda para localizar um brechó onde entregaria um bilhete de loteria premiado em troca de R$ 5 mil e uma máquina de lavar. Durante a conversa, outro comparsa, que se identificou como corretor de seguros, se aproximou e passou a ser questionado pela golpista. Ele analisou o caso e disse para a mulher que portava o bilhete que ela estava sendo "explorada", pois o bilhete valeria mais do que ela ganharia no tal brechó.
Neste momento, ele fez proposta de comprar o bilhete em parceria com a vítima. O falso corretor de seguros simulou uma ligação para a Caixa Econômica Federal para confirmar a validade do bilhete e que era mesmo premiado. O interlocutor, claro, também fazia parte do grupo. Convencida da veracidade da história, a vítima foi ao banco com os golpistas e fez duas transferências no valor total de R$ 200 mil, além de repassar dólares e joias.
Depois disso, a vítima voltou para casa com o acerto de que, no dia seguinte, encontraria o falso corretor de seguros para fazerem a troca do bilhete pelos valores na Caixa. Ela então notou que havia tido o contato bloqueado e se deu conta do golpe. A vítima procurou a Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações.
Conforme a polícia, durante a investigação, o grupo foi monitorado e foi possível apurar que os suspeitos atuam em diversos municípios da região Sul do Brasil, entre os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Devido a essa movimentação dos golpistas, que viajam bastante, a operação foi realizada no domingo, a fim de encontrá-los em casa.
— O Deic tem monitorado a ação desses criminosos uma vez que eles têm atuado por todo Rio Grande do Sul e até mesmo em outras unidades da federação. No mês de abril, já havíamos deflagrado uma operação por intermédio da 1ª Delegacia de Repressão a Roubos, em que foram identificados indivíduos também de Passo Fundo aplicando golpes aqui em Porto Alegre. Em todos os casos, quando aprofundamos a investigação, verificamos que enquanto eles não são presos, seguem aplicando golpes, fazendo inúmeras vítimas e provocando grande prejuízo - destacou o delegado Eibert Moreira, diretor de investigação do Deic.