Segundo a Polícia Civil, uma facção que atua em Porto Alegre realizou mais uma vez o que é conhecido como "tribunal do crime". Um apenado, que é líder da organização criminosa, julgou e mandou executar um homem há 10 dias no bairro Partenon, zona leste da Capital.
O motivo foi o fato da vítima, que era integrante do grupo, ter, segundo a investigação policial, resolvido deixar o mundo do crime. Conforme inquérito, os investigados entenderam a medida como traição. Além disso, os criminosos suspeitaram que o ex-comparsa poderia repassar informações importantes sobre o tráfico de drogas para rivais ou para autoridades de segurança.
O crime passou a ser investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios da Capital. Nesta quinta-feira (29), a delegada Clarissa Demartini divulgou que as ordens para a execução foram dadas por um detento recolhido em uma casa prisional na Região Metropolitana. O nome dele não foi divulgado.
Além disso, a delegada destaca que cinco pessoas envolvidas no homicídio foram presas nos últimos dias na chamada "Operação Acerto de Contas": dois executores, sendo um deles o homem que deu cerca de 10 tiros no rosto da vítima, e mais três criminosos. Houve prisão até em Santa Catarina. Os nomes também não foram revelados.
Por volta da 1h da madrugada do dia 19 deste mês, Kaiky Junior Correa Uchôa, 19 anos, que tinha antecedentes por roubo, furto, receptação e tráfico de drogas, teve a casa invadida no bairro Partenon. Dois homens entraram no imóvel e um deles disparou cerca de 15 tiros. Após confirmarem que Uchôa estava morto, fugiram do local em uma moto.
A ação foi gravada por imagens de câmeras de segurança (veja vídeo acima), o que facilitou a identificação dos suspeitos. Com a prisão de um deles, a polícia chegou até o mandante.
— Eles fizeram uma espécie de tribunal do crime e tudo porque, segundo familiares, a vítima deixou claro que deixaria de lado as ações criminosas para ter uma vida correta. Mas a motivação específica seria um desacerto quanto a valores que a facção devia para a vítima — diz a delegada Clarissa.
Segundo ela, na sexta-feira passada, dia 23, foi detido um dos executores na zona norte de Porto Alegre e o outro no último sábado, dia 24, em Florianópolis. Clarissa destaca que ele pretendia ir até o Mato Grosso. O local onde estaria a moto e a possível arma utilizada no crime foi alvo de nova ação dos agentes.
Na segunda-feira (26), foram apreendidos, em uma casa na Capital, 900 pinos de cocaína, além de 300 gramas de maconha e dezenas de comprimidos de ecstasy, além de R$ 3 mil. As drogas estavam no fundo falso da cozinha da residência. A moto foi localizada, mas a arma não. Na ocasião, três pessoas que estavam no imóvel foram detidas em flagrante por tráfico de drogas. Elas fazem parte da facção, mas não estariam ligadas ao homicídio.
O diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, ressalta que todos os investigados têm vários antecedentes criminais: tráfico de drogas, duas vezes por roubo, pelo menos três homicídios anteriores ao que estão sendo investigados atualmente, porte ilegal de arma e receptação.