A Polícia Civil prendeu, na manhã desta quarta-feira (28), em uma ação que contou com o trabalho de servidores do Instituto-Geral de Perícias (IGP), um suspeito de pedofilia. O homem de 36 anos foi detido em Tramandaí, no litoral norte gaúcho.
Tudo iniciou no dia 9 de março, quando uma mulher de 52 anos, avó de uma menina de 11, evitou que a neta fosse vítima de um possível crime sexual. Ao verificar mensagens estranhas no celular da criança, por volta de 2h da madrugada, ela percebeu que se tratava de um provável pedófilo.
A família da menina é de São Bento do Sul, em Santa Catarina. Já o criminoso, que usava um chip em nome de uma pessoa que seria do Rio Grande do Norte, é de Tramandaí.
De acordo com o delegado Alexandre Souza, que investiga o caso e prendeu o suspeito, a mulher verificou que eram mensagens via WhatsApp.
Ao ver o conteúdo, a polícia diz que ela ficou preocupada, mas não se apavorou. Pelo contrário, deu prosseguimento ao que viu: um homem adulto fazendo investidas de cunho sexual para uma criança. O objetivo da avó era confirmar a suspeita dela e obter provas para acionar a polícia.
— A avó estranhou o fato do celular de sua neta receber notificação durante uma madrugada, então, logo de início, ela leu a mensagem em que o suspeito falava que tinha vídeos de meninas sem roupas. Além disso, fazia pedidos para que a menina também enviasse fotos íntimas, tudo conforme as mensagens enviadas - diz Souza, da delegacia de Tramandaí.
O delegado diz que a mulher encerrou a conversa e arquivou todo o material. Na manhã seguinte, foi até a delegacia de São Bento do Sul e registrou ocorrência policial. O material foi recolhido e periciado. Os policiais catarinenses, após quebra de sigilos telemáticos e telefônicos, descobriram a questão do chip ser do nordeste do país, mas que estava sendo usado por um gaúcho.
Desta forma, o delegado Souza foi acionado em Tramandaí e as polícias dos dois Estados passaram a investigar o caso. Com todas as provas obtidas, elas obtiveram da Justiça os mandados de busca e de prisão. O delegado destaca que o investigado tem 36 anos de idade e antecedentes por posse de entorpecentes. Ele é usuário de drogas e está desempregado.
Souza ainda destaca que o nome do suspeito não está sendo divulgado para preservar outra menina, no caso a própria filha dele, que tem 12 anos de idade. O delegado conta que, em princípio, não há histórico de qualquer tipo de violência contra ela. Ele é solteiro, mora com a mãe e uma irmã mais nova, além da filha. Ainda sobre a tentativa de investir contra a criança de Santa Catarina, a polícia destaca que o intuito do homem seria satisfazer seus desejos criminosos de forma virtual.
Investigação e delitos
Não há informação de que ele buscaria manter contato com a menina catarinense, o que jamais ocorreu. O delegado diz que o suspeito fez apenas uma investida e, com a prisão, a investigação apura se houve mais crimes sexuais semelhantes cometidos por ele em relação a outras crianças. Além de depoimento, os agentes vão averiguar o celular do homem e, se preciso, encaminhar para perícia. No computador dele, em uma primeira análise, foram encontradas imagens pornográficas.
Por fim, Souza diz que também é apurado como o homem obteve o número do celular da menina e até se ele já conhecia a família. Em princípio, a avó nega que seja uma pessoa do convívio familiar. A polícia não descarta ainda que o celular possa ter sido descoberto quando a criança acessou algum site de jogos eletrônicos. O delegado ressalta que esta possibilidade está sendo investigada e por isso reitera o alerta: todo cuidado é pouco.
O crime apurado, conforme o artigo 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é o de oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. A pena prevista, em caso de condenação é de três a seis anos de prisão, além de multa.
Outro delito é, conforme o artigo 241-B do ECA, é adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. A pena é de reclusão de um a quatro anos, além de multa.
Como agir
Pais
- Cultive ambiente de diálogo aberto, em que qualquer assunto pode ser tratado
- Procure a polícia se tiver conhecimento de qualquer situação de abuso
- Fique atento a reações incomuns da criança
- Não tenha confiança cega em ninguém
- Busque saber quem são os professores de cada disciplina
Escola
- Mantenha relação estreita com órgãos policiais e peça orientação sempre que necessário
- Na dúvida, registre ocorrência numa delegacia
- Crie a cultura de participação dos alunos, em que eles tenham voz
- Escola deve dar valor a palavra da vítima e ter interesse em apurar os fatos
Onde buscar ajuda
Na Capital
- 1ª e 2ª Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente
Endereço: Av. Augusto de Carvalho, 2.000, bairro Praia de Belas
Funcionamento em horário comercial - 3ª Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente
Endereço: Av. Bastian, 270, bairro Praia de Belas
Funcionamento em horário comercial - Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento da Divisão Especial da Criança e do Adolescente
Endereço: Av. Augusto de Carvalho, 2.000, bairro Praia de Belas
Funcionamento 24 horas - Telefone (51) 2131-5700 ou 0800-642-6400 e ainda o WhatsApp (51) 98444-0606 — estes dois últimos somente para denúncias.
No Interior
- Em qualquer Delegacia de Polícia.
- Em todo o Estado, ligações também podem ser feitas pelo telefone 181.