Uma organização criminosa suspeita de dominar o comércio de botijões de gás em Rio Grande foi alvo de operação conjunta do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (28). Na ação, dois policiais militares, suspeitos de integrar o esquema, foram alvos de mandados de prisão no município do sul do Estado — os nomes deles não foram divulgados.
Trata-se da segunda fase da Operação Opulência, que cumpre 107 mandados judiciais em seis municípios gaúchos, em Criciúma e no Rio de Janeiro, com a participação de 370 agentes.
Conforme a investigação, que durou mais de um ano, a organização estaria praticando os crimes de extorsão, formação de cartel, ocultação de bens e agiotagem em Rio Grande. De acordo com a apuração, o grupo domina o comércio de botijões de gás na cidade e intimida pequenos comerciantes a comprarem os produtos da facção, que também atua no tráfico de drogas. Eles também seriam obrigados a praticar preços tabelados sob a ameaça de terem veículos depredados ou serem mortos.
— Comerciantes são obrigados a estabelecer uma tabela de preços imposta pela organização, hoje desarticulada, colocando preços muito mais altos que outras cidades — explica a delegada regional Lígia Furlanetto.
Conforme a investigação, o menor preço praticado no botijão de gás era de R$ 135. Em comparação, no município vizinho de Pelotas o mesmo produto era encontrado no máximo por R$ 110.
— Muitos dos mandados foram cumpridos em revendas de gás, nas quais identificamos um alinhamento artificial de preços e, pelas provas que a gente tem, participaram do cartelização do preço do gás — disse o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Núcleo Região Sul, Rogério Meirelles Caldas.
Seis pessoas foram presas. O irmão do homem apontado como chefe da facção é um dos presos, além dos dois PMs, suspeitos de fazer a segurança pessoal dos membros do grupo e participar das ameaças aos comerciantes. As prisões foram feitas em Rio Grande e Charqueadas. Foram apreendidos munições e R$ 254 mil. Ainda não se sabe se esses valores são oriundos dos lucros ilícitos do cartel ou produtos dos crimes praticados.
Em Rio Grande, foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão, dois de prisão, além do sequestro de 16 veículos e bloqueios de 22 contas bancárias de investigados. A operação também cumpre mandados nas cidades gaúchas de Santa Vitória do Palmar, Charqueadas, Pelotas, Alvorada e Santa Cruz do Sul.