A maioria das mulheres que compõem a população carcerária gaúcha é mãe e não estudou além do Ensino Fundamental. A cada quatro apenadas, três (78%) têm pelo menos um filho. O índice é semelhante considerando a formação escolar deficitária — 79% não completaram o Ensino Médio. As conclusões são de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) do Estado e divulgada nesta quinta-feira (11).
O gênero feminino é minoria nas casas de reclusão do Rio Grande do Sul, com 5,7% do total de recolhidos no Estado — 2,4 mil mulheres em um universo de 43 mil pessoas privadas de liberdade. A análise deste público foi conduzida em sete estabelecimentos prisionais femininos no RS e em 50 instituições mistas.
— Além de possuírem necessidades de saúde específicas, é necessário considerar que quase 80% das mulheres no sistema são mães e a maioria delas constituem o esteio familiar. Dessa forma, quando a mulher ingressa no sistema prisional, toda a família sofre, especialmente os filhos, devido à desestruturação do lar. Se famílias de homens presos são mais vulneráveis à repetição do ciclo de violência, as famílias de mulheres encarceradas podem ficar ainda mais suscetíveis por causa da mudança dos tutores dos filhos menores de idade — afirma a analista de projetos e políticas públicas da Assessoria Técnica (Asstec) da SSPS, Lilian Ramos.
Em relação à idade e à cor da pele, mais da metade tem menos de 34 anos (53,4%, sendo 15,5% entre 18 e 24 anos, 20,3% entre os 25 e 29, e 17,6% dos 30 aos 34) e a maioria é branca (65,1%). Mulheres com mais de 60 anos são a minoria no sistema prisional, apenas 48 em todo o Estado, o que representa 1,9%
— Apesar de serem a minoria no sistema, 5,7% do total de pessoas recolhidas no Estado, é fundamental que elas tenham políticas específicas para elas, considerando as suas particularidades e o impacto social de sua privação de liberdade — complementa Lilian.