O Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil divulgou nesta semana que já apreendeu, até maio deste ano, mais maconha e crack do que em todo o ano de 2022 na Região Metropolitana e Vale do Sinos. Conforme o órgão, a quantidade de ecstasy já atinge quase a totalidade. Já em relação à cocaína, o volume ultrapassa a metade do localizado no ano passado (veja mais no quadro abaixo).
O aumento se deve a várias medidas adotadas pelo Denarc. Segundo o diretor do departamento, delegado Carlos Wendt, houve uma reestruturação, direcionando o foco ao ataque a líderes de facções e a grandes carregamentos. Além disso, ganhou força o objetivo de descapitalizar o tráfico, principalmente, no combate à lavagem de dinheiro.
Até a última terça-feira (16), foram apreendidas 4,9 toneladas de maconha. São cem quilos a mais do que a polícia tirou das mãos de traficantes em 12 meses do ano passado. Sobre crack, apesar da facilidade em ser encontrado nos pontos de tráfico da região, não foram localizadas grandes quantidades concentradas.
Wendt ressalta, contudo, que foram apreendidos 247 quilos da droga de 1º de janeiro até 16 de maio. O número é 60,3% maior do que os 154 quilos localizados em todo o ano passado pelo Denarc.
— Além de superar todo o ano de 2022, nunca na história do departamento, em um ano completo, se apreendeu o que foi encontrado de crack nos primeiros quatro meses e meio de 2023. Ou seja, este ano já é o maior e caminha para ser um marco de apreensões. Lembro que comemoramos, não os números, mas o fato de que estamos conseguindo fazer com que cada vez menos tenha droga circulando nas ruas — ressalta o delegado.
O diretor diz ainda que o número de comprimidos de ecstasy apreendidos em 2023 tende a superar até o final deste mês todo o ano de 2022. Sobre cocaína, ele ressalta que a apreensão desde o último mês de janeiro já representa 51,8% de todo o ano passado.
No entanto, Wendt acredita que o número deve ficar igual ou superar apenas um pouco os 715 quilos retirados dos criminosos nos 12 meses do ano passado. Isso se dá pelo fato de que em 2022 houve uma intensificação no combate ao tráfico deste entorpecente, sendo um dos maiores em número de drogas encontradas com facções.
Medidas adotadas
As mudanças adotadas foram uma determinação do governo gaúcho, que solicitou prioridade na repressão ao narcotráfico. Segundo Wendt, a venda de entorpecentes é conhecida no meio policial como "crime mãe" pelo fato de regular outros, principalmente homicídios e roubos.
O diretor destaca que o tráfico está diretamente ligado a execuções de integrantes de grupos rivais ou usuários, bem como ao comércio ilegal de armas e crimes patrimoniais para capitalizar as facções.
— Dentro desta estratégia, estamos conseguindo obter os resultados positivos, até porque a orientação a agentes e delegados é para focar no grande traficante. Desta forma, ele, que é responsável por abastecer os pequenos, vai ficar impossibilitado de fazer isso. E, se tentar se reestruturar, vai ter dificuldade porque estamos atacando também na descapitalização das facções — explica.
2,5 toneladas em dois dias
O delegado aponta que investigações foram iniciadas em Viamão após a polícia receber informação de que uma lavagem de carros servia, na verdade, como ponto de venda de drogas. Policiais da 4ª Delegacia do Denarc passaram a monitorar o local e, no último domingo (14), a delegada Ana Flávia Leite anunciou a apreensão de 1,8 tonelada de maconha.
Um dia antes, a equipe da 3ª Delegacia do Denarc apreendeu outros 600 quilos de maconha, desta vez, na área rural de Alvorada. Conforme o delegado Gabriel Borges, responsável pela ação, houve uma investigação de pelo menos 30 dias que resultou na localização de um sítio usado como depósito de drogas para uma facção que tem base na zona leste de Porto Alegre. O produto veio do Paraguai e seria distribuído em pontos de tráfico da Região Metropolitana.