O homem perseguido e baleado pela Brigada Militar em 15 de fevereiro, depois de transitar na contramão, invadir calçadas e lançar o automóvel que dirigia sobre pedestres e colidir em outros veículos, na área central de Porto Alegre, permanece hospitalizado e ainda não pode ser ouvido pela Polícia Civil, um mês após o episódio.
Morador da Capital, o suspeito, de 50 anos, foi indiciado por tentativa de homicídio e deve ter depoimento tomado pelas autoridades assim que possível, garante o delegado Eric Dutra, titular da 2ª Delegacia de Homicídios da Capital:
— Ele não foi ouvido porque não estava em condições. Não tem passagens pela polícia nem envolvimento com crime. Ia ser abordado (na ocasião dos fatos) e, por alguma razão, fugiu dos policiais. Em princípio, ele não devia nada, não teria motivos para fugir. Não se sabe exatamente o que ocorreu, mas ele tem histórico de problemas psiquiátricos. Pode ter tido uma espécie de surto.
GZH perguntou ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS), onde o homem passou por cirurgia e segue internado, qual o estado de saúde do indiciado, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. A polícia afirma que nenhuma possível vítima se apresentou na delegacia e que nenhum policial ficou ferido na ação.
Relembre o caso
Há cerca de um mês, uma ocorrência policial causou perseguição e tiroteio na área central de Porto Alegre. Em 15 de fevereiro, um homem que transitava na contramão e invadiu calçadas passou a ser seguido pela Brigada Militar. A guarnição afirmou que precisou efetuar disparos para que o veículo fosse parado. Ferido com dois tiros (em um dos braços e na nádega), o motorista foi internado no HPS.
Conforme a BM, o trajeto do homem começou na Rua Vicente da Fontoura e terminou na Avenida Princesa Isabel, quando ele foi alcançado por policiais militares. Antes de ser rendido, o condutor ainda bateu o carro, um Argo Drive de cor prata, em ao menos três veículos que estavam parados na sinaleira — um deles seria de um delegado e outro de uma policial civil, ambos particulares. O condutor foi preso em flagrante e conduzido ao HPS, onde passou por cirurgia e continua internado.
Conforme o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Fábio Schmitt, o homem não estava em condições de se comunicar na ocasião da prisão.
— Desde a Vicente (da Fontoura), ele veio batendo em outros carros e indo para cima da calçada. Estava fora de si. Depois de já estar dentro da ambulância, ainda foi para cima dos socorristas. Os policiais tiveram de conter ele novamente. Eu não ouvi ele dizer uma palavra durante todo o tempo, ele não conseguia — disse o comandante no dia da ocorrência.
O automóvel usado, modelo 2022 e registrado em Belo Horizonte (MG), não estava em situação de roubo, segundo a BM.
O indiciamento foi remetido ao Poder Judiciário em 24 de fevereiro, por tentativa de homicídio.
— Há diversos relatos de que ele avançou calçadas, colocou pessoas em risco, acelerou o carro indo para cima de policiais que atendiam a ocorrência. Ele também deu marcha ré, para fugir do local, quase colidindo com pedestres — destaca o delegado Eric Dutra.
O caso está com o Ministério Público, que solicitou novas diligências para a Polícia Civil e recebeu o material na quinta-feira (16). Agora, o MP avalia a documentação para decidir se irá oferecer ou não denúncia à Justiça.
Contraponto
A Defensoria Pública do Estado (DPE-RS), que atende o homem, afirma que a audiência de custódia ainda não foi realizada porque o condutor segue hospitalizado. Após a alta, o trâmite deve ser realizado. A defensoria informou que só se manifestará após esta etapa.