O homem de 49 anos que manteve a mãe presa em um baú de caminhão em Gravataí, na Região Metropolitana, vai responder o inquérito em liberdade. Ele foi solto mediante medidas restritivas, entre as quais está a proibição de manter qualquer tipo de contato com a idosa. A mulher, de 82 anos, passou por exames médicos e está em uma instituição de longa permanência de idosos, com vaga garantida pela prefeitura de Gravataí.
A decisão que concedeu liberdade ao suspeito foi publicada pela Justiça no último sábado (25). O homem, que não teve a identidade divulgada, também precisa se apresentar periodicamente no Fórum de Gravataí, além de não se ausentar da área da comarca. Caso descumpra alguma dessas medidas, a prisão preventiva poderá ser decretada.
A idosa foi encontrada na última quinta-feira (23) no baú de um caminhão, em uma área abandonada do bairro Barnabé. Policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas estavam na cidade para diligências e foram avisados por moradores sobre a situação.
Dentro do baú havia grande quantidade de lixo, móveis e eletrodomésticos velhos. No local, a idosa só conseguia se deslocar de uma cama até o vaso sanitário. Não havia chuveiro, acesso à rede de esgoto e energia elétrica.
Informações iniciais dão conta de que a vítima estava nesse ambiente há, pelo menos, 10 meses. No entanto, devido à quantidade de lixo acumulado no espaço, a polícia já trabalha com a hipótese de que a idosa permanecia no baú há cinco ou seis anos.
O filho admitiu ser o responsável pela condição, mas disse que cuidava da mãe. Ele chegou a ser preso em flagrante por cárcere privado qualificado e por não prover as necessidades básicas da idosa.
O delegado Pablo Maciel Soares conta que o suspeito não explicou o motivo pelo qual mantinha a mãe na situação. Ele morava em uma casa de alvenaria próxima do contêiner. Segundo o que a polícia apurou até o momento, a residência não pertencia ao homem. Ainda está em apuração como ele tinha acesso à casa.
Uma câmera fixada na parede do baú foi localizada pelos policiais. Porém, não há confirmação de que o equipamento era utilizado na vigilância da rotina da idosa, até mesmo porque não há registro de fonte de energia próxima.
Segundo Soares, o inquérito será remetido para a Polícia Civil de Gravataí nos próximos dias. Até o momento, ninguém depôs além do filho da idosa, que é representado pela Defensoria Pública do Estado, conforme o delegado.
O setor de assistência social de Gravataí não localizou outros familiares da vítima, bem como não encontrou a documentação da mulher. Quando foi resgatada, ela tinha lesões nos braços, no rosto e em uma das mãos, e estava desorientada. Inclusive, enquanto estava no hospital, ela não conseguia pronunciar palavras audíveis.