Prestes a completar seis meses de buscas, a família da aposentada Elizabeth da Silva Dornelles, 66 anos, que desapareceu após sair para caminhar, no bairro Farrapos, na zona norte de Porto Alegre, não desiste de encontrá-la com vida. Na semana passada, uma pessoa informou aos familiares que teria visto alguém parecido com a aposentada próximo ao Viaduto Otávio Rocha, no Centro da Capital. A Polícia Civil foi notificada e averiguou a pista.
Segundo o delegado Thiago Lacerda, titular da Delegacia de Investigação de Desaparecidos de Porto Alegre, que investiga o caso, foram feitas diversas buscas no local com entrevistas a populares, moradores de rua e residentes da região, que não reconheceram ninguém com as características da vítima.
Antes disso, a polícia havia descoberto que o Cartão Tri de Elizabeth teria sido usado por um homem em um ônibus da linha 701-Vila Farrapos, no dia do desaparecimento dela, em 15 de setembro do ano passado, às 17h. Os policias obtiveram imagens do homem e, segundo o delegado, mesmo com a divulgação aos órgãos de inteligência, ainda não foi possível identificá-lo.
A imagem de Elizabeth também foi difundida nas centrais de monitoramento da polícia. O delegado afirma que as buscas seguem e que a polícia não descarta nenhuma hipótese, mas tem esperança de encontrar a idosa.
— Não temos como definir o que ocorreu até o momento. Mas temos esperança de ela ser localizada. Estamos apurando todas as informações que chegam, sendo que já foram realizadas diversas diligências sempre que algum fato novo surge — diz o delegado.
A auditora contábil Ana Flávia Dornelles de Lemos, 32 anos, e o militar Fabian Henrique Teixeira, 38, filha e genro de Elizabeth, já efetuaram buscas por conta própria, já distribuíram panfletos em diversos locais onde, ouviram dizer, ela poderia ter sido vista, como a região das ilhas, mas hoje contam basicamente com o apoio da polícia e o amparo na fé para suportar o vazio de respostas.
— Devagarinho estamos retomando nossas atividades e rotinas, sem desacreditar e perder a fé, e isso tem nos ajudado bastante — comenta Fabian.
Últimos passos
Elizabeth foi vista pela última vez por volta de 14h do dia 15 de setembro de 2022, saindo do condomínio Residencial Laçador, onde passava alguns dias com a filha e o genro, na Avenida AJ Renner, no bairro Farrapos. Câmeras de circuito interno do condomínio registraram o momento em que Elizabeth saiu pela porta dos fundos e não voltou mais.
Ela vestia uma calça verde de moletom, um casaco cinza escuro e tênis preto. A aposentada, que não tinha celular, saiu sem os documentos e sem os óculos. Na mão direita, carregava uma garrafa de água.
Elizabeth passou em frente ao mercado que fica ao lado do condomínio e caminhou pela Rua Battistino Anele em direção à Arena do Grêmio. Câmeras registraram o momento em que a mulher passou em frente à Arena e pelo DC Shopping. Ao chegar no semáforo da Voluntários da Pátria, embaixo da ponte do Guaíba, na BR-116, andou em direção à Avenida Sertório e depois subiu a ponte em direção ao vão móvel pelo acesso próximo à Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes. Este foi o último ponto em que ela foi vista, por volta de 14h20min.
A câmera da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) que fica próxima ao local estava inoperante naquela tarde. Já as câmeras posicionadas sobre a ponte do Guaíba, na BR-116, estão desativadas, pois pertenciam à antiga concessionária da rodovia.
Quem tiver informações que possam levar ao paradeiro de Elizabeth pode entrar em contato com a Polícia Civil pelo telefone 0800-642-0121, pelo 197 ou pelo site da instituição.
Dicas de como agir
Em casos de desaparecimentos
- Registre o desaparecimento na polícia assim que for percebido;
- Leve uma fotografia atualizada para repassar aos policiais;
- Outras informações relevantes no momento do registro são: se a pessoa tem telefone celular e se foi levado junto, se possui redes sociais, os dados de conta bancária, se possui veículo e qual a placa, locais que costuma frequentar, pessoas com quem mantém contato (amigos, familiares), se é usuária de drogas e se houve alguma desavença que pode ter motivado o sumiço;
- Comunique o desaparecimento aos amigos e conhecidos, que podem auxiliar com informações. Ao divulgar o sumiço, informe os contatos de órgãos oficiais como Polícia Civil e Brigada Militar para receber informações. Isso evita que criminosos interessados em extorquir familiares de desaparecidos se aproveitem da situação;
- Outra orientação importante é para que as famílias comuniquem a polícia não somente o desaparecimento, mas também a localização. É muito comum os policiais depararem com casos de pessoas que não estão mais desaparecidas, mas que no sistema constam como sumidas porque o registro de localização não foi feito.
Se forem crianças ou adolescentes
- Percorra locais de preferência da criança;
- Saiba informar quem são os amigos dela e com quem pode estar;
- Esteja atento às roupas que a criança ou adolescente está usando e, em caso de sumiço, descreva para a polícia;
- Mantenha alguém à espera no local de onde ela sumiu. É comum que ela retorne para o mesmo ponto;
- Ensine as crianças, desde pequenas, a dizer seu nome e o nome dos pais;
- Quando a criança ou adolescente for localizada, informe a polícia.