Uma menina sensacional, de um grande coração, que fazia muito pelos outros. Era feliz, trabalhadora, cuidava dos filhos, tinha o sonho de estudar... Assim, Maria Prates Alves dos Santos, 80 anos, bisavó de Kely Amarante, 26 anos, vítima do primeiro feminicídio de 2023 em Passo Fundo, ocorrido no último domingo, lamentou a morte prematura da bisneta e disse que a família cobra justiça por parte das autoridades.
O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada no Atendimento a Mulher de Passo Fundo. De acordo com a delegada Rafaela Weiler Bier, o suspeito pelo feminicídio, Elizandro Luís Xavier Caliari, 25, com quem Kely tinha um relacionamento há cerca de um ano e um filho de apenas três meses, se apresentou à polícia, acompanhado de um advogado e permanece preso preventivamente. Testemunhas ainda estão sendo ouvidas e a polícia está aguardando o laudo de necropsia para conclusão do inquérito.
— A Keké (apelido de Kely) me pediu que o dia que ela morresse colocasse ela junto com o pai. Ajudei criar elas, moravam no meu pátio quando eram crianças. Eu não sei como aconteceu isso, eu não estava presente, mas ela pegou uma pessoa que não era competente pra ela. Ele não devia ter feito isso pra minha bisneta. Quatro crianças ficaram sem mãe. Queremos que ele pague tudo o que fez, foi o maior banditismo do mundo, ele atirou pelas costas — descreve a bisavó.
O sonho de Kely era administrar uma lancheria que queria abrir com a irmã Katieli do Amarante de Souza.
— Ela era muito inteligente, era formada em técnico de administração e queria ser independente, ter o carro dela, as coisinhas dela, sem precisar de ninguém — afirma a irmã.
O pai de Kely, João Ricardo Alves dos Santos, também morreu aos 26 anos, vítima de arma de fogo. A jovem foi enterrada ao lado da ossada do pai no último dia 8 de fevereiro, em Passo Fundo. Os familiares presentes no velório relataram que o casal tinha um relacionamento conturbado e que ele já tinha agredido Kely anteriormente.
Em janeiro, a vítima havia procurado a delegacia da mulher pedindo medidas protetivas de urgência, mas, alguns dias depois, pediu a revogação das medidas, dizendo que agiu por impulso e que não tinha medo do agressor, que tem 25 anos.
A família disse que ele a convenceu de que iria mudar, que tudo seria diferente, e por isso ela retirou o pedido das medidas protetivas.
Kely tinha quatro filhos, sendo três de um relacionamento anterior (meninas de um ano e sete meses, seis e sete anos), e o bebê, um menino de três meses, filho de Elizandro. As crianças estão com familiares. A família precisa do apoio da comunidade para adquirir fórmula infantil Aptamil 1, fraldas tamanho G e roupas. Contatos podem ser feitos pelo WhatsApp (54) 99157-6851.
No próximo domingo (19), às 19h30, acontece um culto em sua homenagem na sede da congregação do Ministério Unidade em Sião, no bairro Petrópolis.