Keli Greice do Amarante de Souza, 26 anos, morreu na quarta-feira (8) no Hospital de Clínicas de Passo Fundo, no norte do Estado. No mesmo dia, o suspeito do crime de feminicídio — companheiro dela — foi preso.
Segundo a polícia, ela havia registrado em janeiro deste ano uma ocorrência por lesão corporal contra ele, solicitando medida protetiva, mas voltou atrás logo em seguida. No último domingo (5), ela levou um tiro no pescoço. O companheiro Elizandro Luís Xavier Caliari, 25, é investigado como autor do disparo.
A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade, delegada Rafaela Bier, diz que a apuração continua. O suspeito se apresentou à polícia, acompanhado de um advogado, mas não quis se pronunciar sobre o caso. Após a prisão, ele foi encaminhado a um presídio.
Keli estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), passou por cirurgia cervical e esteve entubada por três dias, mas não resistiu.
— Um crime brutal que tira a vida de uma mulher, uma filha, deixando quatro crianças órfãs de mãe — diz a delegada.
A vítima tinha quatro filhos: um bebê de dois meses com o suspeito e mais três crianças de outro relacionamento. Rafaela destaca que a apuração segue, com análise e busca de provas, coleta de depoimentos, entre outras ações.
A delegada ainda relata que o investigado, além do histórico de agressão contra Keli, tem antecedentes por crimes como tráfico de drogas, roubo, cárcere privado e furto. GZH entrou em contato com o advogado Orides Rocha de Andrade Júnior, que apresentou o suspeito à Deam. Segundo ele, detalhes sobre o fato serão esclarecidos durante o andamento da instrução processual.
— Gostaria de dizer que iremos esclarecer todos os fatos, mostrando o que realmente aconteceu na noite desse episódio (domingo, dia 5 deste mês) e que o autor se entregou de boa fé e que vai cooperar com a Justiça para que o caso seja resolvido da forma mais célere possível — destaca o advogado.
Medida protetiva
Segundo registros de ocorrências em Passo Fundo, a vítima procurou a polícia em 16 de janeiro de 2023 para relatar que fora agredida pelo companheiro. A delegada Rafaela diz que Keli levou um soco em um dos olhos e uma mordida na boca. Ela solicitou medida protetiva contra Caliari, o que foi concedido imediatamente pela Justiça.
Mas, dias depois, ela voltou atrás na decisão e procurou a Deam, afirmando que agiu por impulso, que não tinha medo do companheiro e pedindo revogação da protetiva. A delegada explica que, como o pedido partiu da protegida, a restrição judicial foi derrubada.
Segundo a polícia, este tipo de situação não é incomum, porque muitas mulheres ainda tentam acreditar numa melhora do comportamento dos companheiros ou mesmo são ameaçadas e retiram as medidas por medo de represália, especialmente quando têm filhos.
Procure ajuda
As vítimas ou aqueles que presenciam algum tipo de violência contra a mulher podem denunciar pelo Disque 180, pelo WhatsApp da Polícia Civil (51) 98444-0606 ou por meio da Delegacia Online da Mulher, no site da instituição. A Polícia Civil do RS tem 86 unidades especializadas no atendimento.