O ano de 2022 registrou o menor número de assaltos a ônibus desde que os dados começaram a ser contabilizados, em 2016. Segundo balanço divulgado nesta terça-feira (17) pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), foram 40 ocorrências entre janeiro e dezembro, uma queda de 34,4% em relação a 2021, quando ocorreram 61 casos.
Os dados começaram a ser contabilizados em 2016, quando foi criada força-tarefa envolvendo Polícia Civil, Guarda Municipal e Brigada Militar para evitar e investigar as ocorrências. O aprimoramento na apuração do crime é apontada como um dos fatores para a diminuição dos casos. Especialistas avaliam também que o recuo tem relação com a queda no uso do transporte coletivo.
No último ano também não houve ocorrências de assalto em ônibus por dois meses seguidos (novembro e dezembro), outro fato inédito na série histórica.
Segundo o diretor-presidente da EPTC, Paulo Ramires, percebeu-se também que os criminosos têm sido menos agressivos durante as ações. Ele avalia que os números refletem um trabalho conjunto com as forças de segurança, que coibiu a ação dos responsáveis pelos crimes.
— Desenvolvemos uma estratégia de cooperar com as autoridades policiais. Começou a se observar uma conexão entre um roubo e outro e se obteve resultados para identificar e prender os responsáveis — afirma.
Desde 2018, a força-tarefa foi transformada em Delegacia Especializada em Roubo a Coletivos, que atua para investigar casos como estes. O delegado Daniel Mendelski afirma que a colaboração dos passageiros e o uso de tecnologias são os principais fatores que colaboram para o trabalho dos agentes.
— Por ser um tipo de crime que costuma ter várias testemunhas, temos apoio da população para receber informações. Além disso, as câmeras instaladas nos ônibus são cruciais. Mas elas sozinhas não interpretam os fatos. Por isso, buscamos aprimorar cada vez mais o trabalho de investigação — pontua o delegado.
O aprimoramento das câmeras é um dos principais desafios das empresas de ônibus na Capital. Atualmente, todos os coletivos que circulam em Porto Alegre são monitorados.
— Estamos investindo em câmeras de mais qualidade para captar melhor as imagens no momento do assalto. Elas são enviadas diretamente para a polícia — explica a presidente da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), Tula Vardaramatos.
Para o sociólogo e especialista em segurança pública Rodrigo Azevedo, além da ação direcionada que busca combater a criminalidade no transporte coletivo, outros fatores colaboram para sua diminuição.
— Esse período de seis anos coincide com um menor uso da população no transporte coletivo, fazendo com que o ambiente seja menos visado. Além disso, cada vez mais os passageiros não utilizam dinheiro para embarcar. Mesmo assim, esses fatores sozinhos não justificam a redução. O trabalho conjunto das forças de segurança é o principal fator para termos esse resultado — afirma Azevedo.