Cento e dezoito crianças e adolescentes foram assassinados no Rio Grande do Sul nos 10 primeiros meses do ano. O levantamento feito pelo Observatório da Secretaria de Segurança Pública leva em conta dados até o fim de outubro. Na comparação com todo o ano passado (114), já houve um aumento, mesmo faltando dois meses para serem contabilizados. O dado representa, em média, 12 mortos por mês com menos de 18 anos de idade ou uma morte a cada dois dias e meio no período. Além disso, há outras 133 vítimas de tentativa de homicídio nessa mesma faixa etária, média de 13 vítimas por mês.
- Os homicídios que têm como vítimas crianças e adolescentes, muito embora sejam tratados com a mesma prioridade investigativa pela Polícia Civil, certamente nos impactam mais enquanto sociedade e seres humanos que somos, em razão da condição de vulnerabilidade dessas vítimas. A maioria dos casos diz respeito a situações de violência física, psicológica e maus tratos praticados no ambiente familiar, que evoluem até o ato extremo que gera a morte dessas crianças – destaca a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia civil, Vanessa Pitrez.
Conforme a delegada, esses casos tendem a ter uma investigação mais célere, uma vez que o agressor normalmente tem laços familiares ou convivência doméstica com a vítima, o que facilita a sua identificação.
- Por outro lado, em alguns casos de homicídios tentados e consumados contra adolescentes, se verifica o envolvimento dessas vítimas com a criminalidade e pertencimento a grupos criminosos, o que os tornam alvos fáceis na disputa entre facções. Todavia, independentemente do contexto em que esses casos estão inseridos, o Departamento de Homicídios envida todo o esforço necessário para a dar uma resposta rápida à sociedade, identificando e prendendo os autores dessas mortes – complementa Vanessa.
Em relação a outros crimes , foram 9.382 casos envolvendo quem tem menos de 18 anos anos. A média é de 31 ocorrências por dia, mais de um por hora. A quantidade já é a maior dos últimos três anos. Em 2021, foram 8.155 e em 2020, 7.802. Se levarmos em conta a média diária, é o maior em quatro anos, já que durante todo o ano de 2020 foram 10.516 casos em 12 meses (29 por dia). O levantamento inclui casos de exploração sexual infanto-juvenil, assédio sexual, importunação sexual, estupro, estupro de vulnerável, lesão corporal e maus tratos.