A Polícia Civil ouviu nesta semana a mãe e a avó paterna das quatro crianças assassinadas em Alvorada, na Região Metropolitana. O pai, David da Silva Lemos, 28 anos, está preso de forma preventiva pelo crime. Os depoimentos das duas mulheres ocorreram na terça-feira (20) e nesta quarta (21). O próximo passo da investigação deverá ser interrogar o suspeito.
Ao longo de toda a tarde de terça, Thays Antunes, 26 anos, narrou aos policiais como era a convivência dela com o ex, de quem está separada há alguns meses. A mãe das crianças relatou que foi agredida por Lemos e, por isso, tem medida protetiva contra ele. No entanto, negou que houvesse algum episódio anterior de violência do pai contra os filhos.
— Ela disse que ele não costumava fazer ameaças, mas que não aceitava o fim do relacionamento. Talvez esse tenha sido realmente o motivo do crime — afirma o delegado Edimar Machado, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Alvorada.
O mesmo foi relatado por Thays em entrevista à RBSTV nesta quarta-feira. A mãe disse que deveria receber os filhos de volta no domingo, mas que o último acerto feito com Lemos foi de que ele entregaria as crianças na segunda-feira. A suspeita é de que o crime tenha ocorrido na segunda-feira no fim da tarde.
Avó paterna
A avó das crianças, mãe de Lemos, que reside em uma casa no mesmo pátio onde ficava a moradia do filho, contou que saiu de casa na segunda-feira e que acreditava que ele devolveria às crianças para Thays naquele dia. A avó relatou que foi até a casa de um familiar em Porto Alegre e só retornou na terça-feira para casa.
— Como a mãe estava procurando as crianças, a avó vai até a casa e acaba encontrando — explicou o delegado.
Assim como Thays, a avó também não relatou nenhum episódio anterior de violência contra as crianças.
— Todos familiares relataram que tratava bem os filhos — diz o delegado.
Interrogatório
Neste contexto, a polícia pretende ouvir novamente o suspeito do crime. Quando foi preso na semana passada, ele narrou informalmente aos policiais como teriam acontecido os assassinatos. O homem relatou ter usado um chá para sedar os filhos, que depois teriam sido asfixiados e esfaqueados — somente a menina de três anos tinha apenas sinais de asfixia.
A polícia espera com um novo interrogatório de Lemos esclarecer alguns pontos, como o que motivou o crime, e a dinâmica dos fatos.
— Havia algumas medicações na casa, que podem ter sido usadas — diz o delegado.
Somente o laudo da perícia deve indicar se havia alguma substância no organismo das vítimas. Devido à prisão do suspeito, o inquérito tem prazo de 10 dias para ser concluído, mas a polícia deverá pedir prorrogação deste prazo. Além do interrogatório, os policiais ainda aguardam os laudos periciais e a análise de celulares do investigado. Três aparelhos foram recolhidos na semana passada.
Contraponto
A Defensoria Pública do Estado informou que representa o preso, mas que só irá se manifestar sobre o caso nos autos do processo.