O condutor do veículo que foi alvo de disparos efetuados pelo comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Cláudio dos Santos Feoli, no dia 4 de dezembro, afirmou que não iria realizar assalto. Na época, o oficial havia dito para a reportagem que decidiu atirar por acreditar que seria vítima de um crime. O motorista da Amarok envolvida na confusão é um empresário, que contou a GZH sua versão do fato.
O empresário relata que naquele dia saiu da Zona Sul com sua caminhonete em direção ao Centro, quando ultrapassou um veículo nas proximidades das avenidas Juca Batista e Tramandaí. Na sequência, disse ter visto que o mesmo carro estava dando sinal de luz. Ele afirmou que ficou assustado porque não conseguia enxergar quem estava dentro.
O motorista disse que diminuiu a velocidade, mas não foi ultrapassado pelo carro. O empresário conta que acreditou estar em perigo e decidiu dar ré para se defender. Foi quando bateu com a traseira da Amarok na frente do carro do coronel. Naquele momento ele diz ter ouvido os disparos e decidido sair do local em alta velocidade por acreditar que se tratava de um assalto. Segundo o empresário, que pede para não se identificado, tudo já foi esclarecido. Ele afirma que está colaborando integralmente com as investigações.
— Naquela noite tive a impressão de estar sendo perseguido pelo veículo do coronel. Em 2017, fui vítima de um assalto no trânsito e fui atingido por um disparo no rosto, por isso fiquei assustado com aquele carro que parecia estar me cercando. Assim que soube que se tratava do comandante-geral da Brigada Militar, entrei em contato e me coloquei à disposição para reparar os danos causados no carro dele. Acionei o seguro contra terceiros e aluguei um veículo para o comandante utilizar durante o tempo que o dele estiver no conserto — disse o empresário.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Delitos de Trânsito. O delegado César Carrion disse que o inquérito está na fase de finalização, mas não quis adiantar se resultará em indiciamento.
— Embora já tenha sido demonstrada a boa-fé no sentido de reparar os danos, a defesa permanece à disposição da investigação. Acredito que já esteja claro para todos que essa situação foi um grande engano e, naquele momento, meu cliente não estava cometendo nenhum delito — sustenta o advogado do empresário, André Carús.
Um dos disparos acertou o veículo, ultrapassando a porta do motorista, mas não chegou a ferir o condutor.
Versão do oficial
GZH entrou em contato novamente com o coronel Feoli, que disse que poderia ser mantida sua versão já publicada no início do mês. Em 5 de dezembro, quando conversou com a reportagem, o oficial disse que atirou contra o veículo por suspeitar que seria vítima de assalto. Segundo o oficial, na Avenida Coronel Marcos o condutor da Amarok teria freado, dado ré e batido na dianteira do carro que ele conduzia. Segundo o coronel, o motorista fez menção de repetir o movimento e bater novamente. O militar relata que então desembarcou e atirou na direção do veículo.
— Ele parou o carro, deu uma ré e deu no meio do meu carro. É comum assaltantes simularem acidentes de trânsito, depois descem dois ou três e anunciam assalto. Eu fiz quatro disparos em direção aos pneus da Amarok. O cara saiu em alta velocidade e fugiu — disse o coronel na oportunidade, sem saber se algum disparo havia acertado a caminhonete.
Feoli contou, na época, que imaginava que a Amarok era roubada, mas não havia registro nesse sentido.