A Polícia Civil deflagrou nesta quinta-feira (10) uma ofensiva contra traficantes que usavam perfis no Instagram para vender drogas e armas. Os mandados da chamada Operação Instadrugs II são cumpridos em quatro cidades gaúchas e no Uruguai por cerca de 90 agentes, com apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e da Polícia Federal (PF).
São 20 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão. Até as 8h30min, 13 pessoas já haviam sido presas.
As ações ocorrem em Porto Alegre, Viamão, Charqueadas e Santana do Livramento, além de Rivera, no Uruguai. O trabalho é coordenado pelo titular da 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Guilherme Dill.
Segundo ele, dos mandados de prisão, três são contra detentos que comandavam o esquema de dentro da cadeia. Há também, entre os alvos, fornecedores de drogas e transportadores — alguns deles, motoristas de aplicativo.
A investigação começou em janeiro deste ano. Dill descobriu que os criminosos usaram pelo menos quatro perfis no Instagram para vender maconha, cocaína e drogas sintéticas, além de armas. As ofertas ocorriam nos "stories" da rede social e as negociações por mensagens diretas, com pagamentos via Pix.
— Estima-se que a comercialização de entorpecentes seja diária, de modo que os indivíduos anunciam as mercadorias ilícitas sempre nos stories da rede social e, ao receber encomendas via "mensagem direct", terceirizam a função de entrega das drogas e dos armamentos, recebendo os pagamentos via Pix. Este é o modus operandi deles, e tudo isso para tentar não chamar a atenção das autoridades — destaca o delegado.
Três núcleos da quadrilha
Dill ressalta que a quadrilha possui três núcleos bem definidos, de cinco a sete componentes. Um deles seria responsável por administrar as redes sociais e receber encomendas por mensagens. Outro é composto por entregadores, sendo a maioria motoristas de aplicativos ou motoboys que fazem telentrega.
Já o terceiro núcleo é formado por fornecedores, os quais seriam acionados quando o primeiro grupo necessitava de mais encomendas. O delegado diz que eles são de outros Estados, como Santa Catarina, mas também do Uruguai, onde um foi alvo da polícia em Rivera.
No decorrer da investigação, o Denarc também verificou a prática de um roubo em Viamão por parte da quadrilha. Há cerca de seis meses, houve roubo de celulares e de veículos encomendados pelo grupo.
Dill diz que os criminosos precisavam de mais telefones e também de veículos devido ao aumento das vendas pelo Instagram. Dessa forma, cooptaram integrantes para a quadrilha, principalmente transportadores.
A operação deflagrada nesta quinta-feira é resultado de outra realizada em julho deste ano. Na ocasião, seis suspeitos foram presos e houve apreensão de R$ 90 mil após o Denarc descobrir que uma parte desta rede de traficantes que também usava as redes sociais para venda de entorpecentes na Região Metropolitana, principalmente na Capital.
Os nomes dos presos não foram divulgados, e GZH tenta contato com o Instagram para um posicionamento sobre o fato de o grupo investigado usar a rede social para comercializar drogas e armas. Em caso de denúncias sobre tráfico de drogas, como este revelado pela polícia, o Denarc disponibiliza o telefone 08000 518 518.