Depois de realizar uma operação na terça-feira (11) contra uma facção — com base na zona leste de Porto Alegre — que lavou mais de R$ 18 milhões na compra de 12 postos de combustíveis no Estado, a Polícia Civil apreendeu celulares com presidiários envolvidos no esquema. A ação ocorreu em duas etapas nesta semana, uma na Penitenciária de Sapucaia do Sul e outra no Presídio Central.
A investigação é coordenada pelo titular da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Marcus Viafore. Ele confirma que foram apreendidos dez celulares e documentos sobre compra e venda de estabelecimentos comerciais envolvendo dinheiro oriundo do tráfico de drogas e de armas, extorsões e roubos.
Na Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul, a ação ocorreu no dia em que houve a operação policial com mais de 470 agentes em 13 cidades gaúchas. Na ocasião, foram apreendidos nove celulares e drogas. Dois suspeitos eram os alvos. Um deles, um dos gerentes do esquema de lavagem de dinheiro que assumiu neste ano o lugar de outro, assassinado em abril.
Segundo Viafore, o apenado também é suspeito de ter coordenado a transferência de um dos postos de combustíveis no nome de uma pessoa morta para um dos laranjas da organização criminosa.
A outra ação foi divulgada neste sábado (15) e ocorreu na sexta-feira (14) no Presídio Central. A polícia, que sempre contou com o apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), apreendeu mais um celular e documentos. O alvo foi um gerente da lavagem de capitais realizada pelo grupo criminoso.
— O trabalho foi importante porque parte dos líderes dessa facção está no sistema prisional e de lá coordenam não só o tráfico e roubos e demais crimes, mas também a lavagem de dinheiro — explica o delegado.
Viafore ressalta que o trabalho agora é colher os depoimentos dos envolvidos — somente no dia da operação foram 12 presos e ainda há os integrantes que já estavam em presídios — e também analisar o material das apreensões. Foram recolhidos dezenas de documentos, mais de 20 telefones celulares e mídias em geral. A polícia também está fazendo uma varredura em 41 contas bancárias, o que pode aumentar o montante da movimentação financeira do grupo, que é de mais de R$ 18 milhões até agora em apenas 24 meses nos últimos anos.
Em relação à lavagem de capitais, a facção também comprou lojas de conveniência e de celulares, bem como 29 veículos de luxo, como Ferrari e Porsche, uma lancha de R$ 2 milhões e 14 imóveis, um deles um duplex na Capital avaliado em R$ 1,6 milhão e considerado uma “fortaleza” pela polícia, devido à segurança do local. Foram colocadas nas portas, por exemplo, grades de ferro idênticas às de cofres de bancos.