A morte do secretário de Saúde de Bom Progresso, Jarbas David Heinle, 44 anos, teria custado entre R$ 40 e R$ 50 mil. É isso que consta em depoimentos reunidos no inquérito da Polícia Civil de Três Passos. Jarbas é filho do prefeito da cidade, Armindo David Heinle (PP).
Por enquanto, uma das hipóteses mais fortes para a motivação do crime é a de disputa política. Na quinta-feira (6), foi preso um quarto suspeito de envolvimento na morte. GZH confirmou com o Tribunal de Justiça que se trata de Cloves de Oliveira, conhecido como Faísca, que, em 2020, disputou a vaga de prefeito de Bom Progresso pelo PSB e foi derrotado pelo pai de Jarbas.
Também está preso o vice-prefeito de Bom Progresso, Maicon Leandro Vieira Leite (PDT). Ele deve prestar depoimento na tarde desta sexta-feira no Presídio Estadual de Três Passos.
Outros dois suspeitos também foram presos durante a investigação: Sérgio Ribeiro dos Santos, que estaria diretamente ligado ao ataque a tiros contra Jarbas, e uma pessoa ligada a Sérgio.
Essa pessoa teve a prisão revogada a pedido da polícia, mas segue investigada. O secretário foi baleado quando chegava em casa, na noite de 10 de setembro, em Linha Biriva, no interior do município.
Dois dias depois do crime, a polícia recebeu informações de dentro do Presídio de Três Passos sobre quem seriam o executor e o mandante do crime. Envolvido na execução estaria Sérgio, que cumpre pena e estava gozando de saída de sete dias do regime semiaberto desde o dia 8 de setembro. O mandante, conforme essa informação, seria Maicon.
A polícia apura se houve participação de mais pessoas no momento em que Jarbas foi baleado. No dia seguinte ao crime, o pagamento teria sido feito em dinheiro vivo. Um depoimento que consta no inquérito refere que o valor foi de R$ 40 mil. Outro relato informa a quantia de R$ 50 mil. Tudo segue em apuração pela polícia.
Na noite do crime, em buscas perto da propriedade do secretário morto, policiais encontraram um pé de meia branca com inscrições. Outro pé de meia idêntico a esse foi localizado em uma casa de propriedade de Sérgio. Segundo apurado na investigação, Sérgio guardava arma e munição dentro desse par de meias. Ele teria pego a arma no mesmo dia que saiu do presídio, segundo a investigação.
O delegado que conduz a investigação, Marion Volino, não revela detalhes do caso nem os nomes dos envolvidos, mas explicou que as diligências seguem feitas e que são aguardados resultados das perícias em imagens captadas por câmeras de segurança e nos celulares apreendidos.
Contrapontos
O que diz Vanderlei Pompeo de Mattos, advogado de Maicon Leandro Vieira Leite:
Meu cliente nega qualquer participação.
O que dizem Luiz Gustavo Lippi Sarmento e Emanuel Cardozo, advogados de Cloves de Oliveira:
Cloves de Oliveira é inocente, não possui nenhuma participação no fato e isso restará cabalmente comprovado no correr da investigação. Nesse sentido, os argumentos que levaram à prisão temporária de Cloves são absolutamente frágeis, sem um lastro probatório coerente e firme, o que, a nosso ver, torna a prisão ilegal.
Além disso, causa certa estranheza a prisão de Cloves, visto que os demais investigados são pessoas atuantes no lado contrário politicamente, o que evidentemente afastaria qualquer ligação com os mesmos, ou, auxílio por parte de nosso cliente com o fato ocorrido.
Ademais, Cloves já registrou diversas ocorrências em face de um dos investigados em razão de atentados contra sua vida, o que mais uma vez repisamos que afastaria qualquer ajuda de Cloves no homicídio de Jarbas.
Estamos aguardando a Delegacia de Polícia nos enviar cópia do Inquérito Policial para vermos as medidas a serem tomadas. Todavia, desde já deixamos muito claro que nosso cliente irá contribuir para a investigação, demonstrando-se, o mais rápido possível que não possui participação nesse fato.
GZH tenta contato com a defesa de Sérgio Ribeiro dos Santos.