Na próxima quarta-feira (31), será julgado pela Justiça um novo pedido de habeas corpus de Israel Fraga Soares, 23 anos. Em junho ele teve um primeiro pedido negado, mas agora, a defesa espera novo desfecho após laudo do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em exame de insanidade mental, concluir que o réu não tinha capacidade, na época dos fatos, de compreender as ações que cometeu.
Ele foi preso em Tramandaí em janeiro deste ano e em 2021 teve computador e até um capacete da Legião Hitlerista apreendidos, além de ser apontado como participante de grupos na deep web, o lado obscuro da internet, contra negros, homossexuais e judeus. Segundo a polícia, ele seria um dos integrantes do grupo, que tinha mais de 40 gaúchos participando na época, onde um cachorro foi executado e esquartejado por um adolescente de Lindolfo Collor, no Vale do Sinos.
O advogado Rafael Petzinger, que defende o réu, solicitou novo habeas corpus e pediu ainda que ele aguarde pelo julgamento em prisão domiciliar, entendendo assim que possa ocorrer um tratamento adequado em relação a dois casos em que foram atribuídos a ele: autismo e Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Enquanto isso, a Justiça negou o encaminhamento do acusado para o IPF, em Porto Alegre. Petzinger diz que, antes do julgamento do habeas corpus, prefere que seu cliente permaneça na Penitenciária de Osório.
O réu está nesta casa prisional desde o início do ano. Anteriormente, segundo o advogado, ele teria sofrido até ameaças, mas medidas foram tomadas e Soares foi transferido de cela, para uma ala considerada mais segura.
Investigação
A Polícia Civil concluiu em março o inquérito contra Soares e o indiciou por terrorismo devido ameaças a políticos, apologia ao nazismo e à ditadura, conforme a Lei 13.260 de 2016. O trabalho foi realizado pela delegada Andrea Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre.
Na ocasião, o jovem alegou que não fazia apologia ao nazismo, afirmando que apenas gostava de ideias de Adolf Hitler e que um vídeo feito por ele em canal do YouTube, com o capacete que foi usado por soldados alemães na 2ª Guerra Mundial, não passava de brincadeira. Além do canal, Soares manteve dois perfis nas redes sociais, todos considerados como divulgadores de incitações contra minorias na sociedade
A denúncia foi aceita pela Justiça e o processo segue tramitando na Vara Criminal de Tramandaí, mas o advogado Petzinger informa que o andamento depende, no momento, do julgamento do habeas corpus. Enquanto isso, ele diz que seu cliente ainda aguarda por uma audiência para que possa ser ouvido na Justiça sobre as acusações.
— Ao contrário do que a promotoria apontou, ao insistir que autismo é uma doença, nós defendemos que autismo é uma deficiência e por isso o Israel precisa de tratamento, e a prisão não é um lugar adequado para isso — explica Petzinger.