A Polícia Civil divulgou nesta semana que estuda mudanças na estrutura de apuração das ocorrências sobre roubo e furto de gado no Rio Grande do Sul. O objetivo é centralizar as investigações e a operacionalidade do combate ao crime na Delegacia de Combate aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, na região da Campanha.
Nos últimos anos, foram criadas outras três delegacias deste tipo: em Camaquã, Cruz Alta e Alegrete, dividindo o Estado em quatro áreas de atuação. Apesar da preocupação de agropecuaristas das demais regiões, a instituição garante que a medida objetiva mais eficácia no combate a este tipo de delito, acompanhando a própria modificação do crime organizado e aproveitando para manter os índices reduzidos, como foi registrado nos primeiros seis meses do ano.
O diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Nedson de Oliveira, diz que a alteração segue sugestões do próprio setor e ainda ocorre para acompanhar a evolução do crime organizado. Segundo ele, as atuais três delegacias que ficarão vinculadas à Decrab de Bagé não perderão agentes, mas podem virar postos policiais. Além disso, as regiões que elas abrangem não ficarão desatendidas na questão do abigeato.
— O objetivo da Chefia de Polícia, que ainda está estudando todos os detalhes junto à Secretaria de Segurança, é evitar problemas como investigações feitas ao mesmo tempo por duas equipes de locais diferentes, sem que uma saiba do trabalho da outra. A ideia da centralização é evitar a falta de comunicação sobre inquéritos em aberto — explica Oliveira.
Em suma, a estrutura que investiga abigeato vai voltar ao que era antes, com comando a partir de Bagé. Outro motivo das alterações é acompanhar a evolução do crime organizado, que atua em rede. Por exemplo, gado furtado na Fronteira Oeste pode ser revendido no Litoral Norte em uma ramificação extensa entre ladrões, transportadores e receptadores. Para isso, Oliveira entende que precisa haver uma coordenação operacional e de inteligência unificada.
O delegado lembra que, apesar de as mudanças terem sido definidas, ainda não há data específica para implementação. Segundo ele, a situação futura está sendo explicada e repassada para o setor agropecuário e para os policiais envolvidos no combate a este tipo de crime. Por fim, a polícia pretende reduzir ainda mais os índices de abigeato no Estado.
Depois de ter aumento nos casos de roubo e furto de gado em 2021, na comparação com 2020, os números tiveram uma pequena redução, 13%, nos primeiros seis meses de 2022, comparados ao mesmo período do ano passado. Foram 2550 ocorrências contra 2208. Mesmo assim, algumas regiões ainda preocupam, como a Fronteira Oeste, que registrou aumento no mesmo período. Oliveira diz que a ideia das mudanças em discussão é fazer com que os números diminuam em todas as áreas do Rio Grande do Sul e até mesmo, quando ocorrer elevação, apurar e combater as causas em conjunto.