Em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre, o 18º Batalhão da Brigada Militar registrou 23 casos de estelionato na última semana. Eles identificaram uma nova armadilha, na qual os golpistas utilizam o nome da facção carioca Comando Vermelho para ameaçar moradores pelo WhatsApp e arrancar dinheiro das vítimas.
Dono de uma padaria no bairro Santa Cecília, em Viamão, um homem de 48 anos relata que, há cerca de três meses, um número desconhecido lhe enviou uma mensagem de voz pelo WhatsApp, no qual um golpista, com sotaque baiano, se identificou como chefe de uma facção que atua no Rio Grande do Sul.
— Ele falou que meu comércio estava atrapalhando o tráfico no bairro porque os policiais tomam café aqui — disse o comerciante.
Situação parecida com a que ocorreu com o dono de uma empresa de esquadrarias, no mesmo bairro. O homem, de 54 anos, recebeu uma mensagem com a seguinte frase: "Aqui é do Primeiro Comando Vermelho. Por que o senhor nos denunciou? Para não haver derramamento de sangue, pedimos que entre em contato com este número assim que ler a mensagem".
Apesar do susto, os comerciantes optaram por não responder às mensagens e apagaram o conteúdo do celular.
Ubiratã Quanz, sargento do 18º BPM, reforça que é preciso ter calma e atenção para não cair nos golpes, que variam a cada dia.
— Temos o golpe do sequestro. Tem o do Pix, no qual alguém tenta se passar por um familiar da vítima, temos o link falso de agências bancárias pedindo atualização de dados para algum benefício — explica o sargento.
Os golpes através de aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, têm se tornado parte do cotidiano dos brasileiros. De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), publicados no início deste mês, o Rio Grande do Sul registrou 44,3 mil casos de estelionato de janeiro a junho deste ano, 4% a menos do que no mesmo período de 2021.
De acordo com Quanz, o primeiro passo é ter calma e não realizar nenhuma movimentação bancária. Em casos como o golpe do Pix e do sequestro, a BM orienta que as vítimas tentem entrar em contato com a família, para verificar a situação, e sempre realizar o registro junto à polícia, para que seja possível investigar e combater os golpistas.
De acordo com a Brigada Militar, a maioria das pessoas acaba sem registrar as denúncias, o que dificulta as investigações. Do total de golpes registrados pelo 18º BPM na última semana, seis foram por aplicativo de mensagens.