Em 2017 a cidade de Alvorada, na Grande Porto Alegre, alcançou o nada desejável posto de 6º município mais violento do país, com taxa de 112,6 homicídios para cada 100 mil habitantes. O levantamento constava do Atlas da Violência, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A situação mudou muito desde então, para melhor. Na terça-feira (28) a mesma entidade lançou a 16ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Alvorada não aparece no ranking, nem dos 30 municípios com mais mortes intencionais, nem no das 30 cidades com mais de 100 mil habitantes, no mesmo quesito (assassinatos).
A taxa de homicídios em Alvorada ainda é alta para os padrões gaúchos. Está em 26,6 para cada 100 mil habitantes (dados de 2021), mais do que o dobro da registrada no Estado (10,2). Mas é um enorme avanço em relação a 2020, quando foi de 43,3 mortes por 100 mil habitantes. E quatro vezes menor que a de 2017.
Outros municípios metropolitanos também saíram do ranking das cidades mais violentas. Viamão já foi a 21ª na lista do Atlas da Violência (em 2018, com taxa de 77,1 mortes por 100 mil habitantes, na época). Agora não figura nem entre as 30 mais violentas (com taxa de 26,0 mortes por 100 mil, em 2021). Como o Anuário Brasileiro de Segurança Pública não listou as 100 mais violentas, não se sabe o ranking de Porto Alegre, que já ocupou a 66ª posição, em 2018 (com 45,5 mortes por 100 mil habitantes, na época do levantamento). Em 2021 a taxa porto-alegrense ficou em 16,6 homicídios por 100 mil, segundo o Observatório da Cidade de Porto Alegre (ObservaPOA).
Alguns fenômenos são apontados pelos autores do Anuário Brasileiro de Segurança Pública para cogitar porque as cidades gaúchas já não figuram no ranking das mais violentas.
1 - Migração do crime para zonas rurais: conforme Renato Sérgio de Lima, um dos coordenadores do Anuário, "a gente nota que a violência está nas áreas rurais, em um processo que parece seguir as rotas do narcotráfico. O problema das cidades grandes persiste, mas se notarmos, só Macapá aparece na lista. A questão está nos municípios pequenos e médios". E isso vem de alguns anos. Metrópoles como São Paulo e Rio há muito tempo não estão entre as mais violentas, ressaltam os levantamentos do Fórum de Segurança Pública.
2 - Mais integração policial e repressão ao crime organizado: é cada vez mais comum ações entre polícias estaduais (de vários tipos), municipais e até federais. Não raro as Forças Armadas colaboram. Tudo isso tem prevenido muitos homicídios, sobretudo os ligados a guerras de facções criminosas.
3 - Melhores políticas de prevenção ao crime: Estados e cidades têm investido em tecnologia para rastrear irregularidades. É o caso do cercamento eletrônico, com uso de câmeras para monitorar delitos e veículos ilegais. Além disso, há foco no policiamento de locais e situações de risco. É o caso da Patrulhas Maria da Penha, no Rio Grande do Sul, que previnem violência doméstica.
No Rio Grande do Sul há um programa específico, o RS Seguro, que concentra esforços policiais em áreas com indicadores de maior criminalidade e vulnerabilidade socioeconômica. Os indicadores de homicídio vêm caindo desde 2017.
O secretário da Segurança Pública, coronel Vanius Cesar Santarosa, considera que a ausência de municípios gaúchos nas primeiras posições dos rankings de homicídios no país é mais uma comprovação do êxito do programa RS Seguro.
-A partir da adoção do foco territorial, intensificando o combate ao crime nos locais em que ele mais acontece, com o acompanhamento diário da Gestão de Estatística em Segurança, forneceu a base de evidências científicas para aprimorarmos a inteligência, o investimento qualificado e, principalmente, a integração dos homens e mulheres que sempre tiveram um trabalho de excelência na ponta.