A delegada Adriana Belém foi presa na manhã desta terça-feira (10). Ela é alvo da Operação Calígula, deflagrada pelo Ministério Público contra uma organização criminosa que comanda jogos de azar. Mais cedo, quase R$ 2 milhões em dinheiro foram apreendidos na casa de Adriana no Rio de Janeiro.
A prisão da delegada ocorreu no início da tarde desta terça-feira, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O mandado foi expedido pela 1ª Vara Especializada do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), após os agentes encontrarem R$ 1,2 milhão em sacos de grifes famosas e pouco mais de R$ 500 mil em uma mala na residência onde mora Adriana.
Outro delegado envolvido na operação, Marcos Cipriano, foi preso no começo da manhã.
Segundo o G1, na decisão em que autoriza a prisão da delegada, o juíz Bruno Monteiro Ruliere afirma que há prática de corrupção, mesmo que os delegados não estejam envolvidos em cargos da polícia atualmente. Segundo a Polícia Civil, Adriana estava afastada do cargo de delegada por licença, e Marco está trabalhando em outra instituição.
"O gigantesco valor em espécie arrecadado na posse da acusada, que é delegada de polícia do Estado do Rio de Janeiro, aliado aos gravíssimos fatos ventilados na presente ação penal, têm-se sérios e sólidos indicativos de que a ré apresenta um grau exacerbado de comprometimento com a organização criminosa e/ou com a prática de atividade corruptiva", afirma o juiz na decisão.
O magistrado cita ainda que o dinheiro achado dá "credibilidade ao receio de que, em liberdade, a ré destrua ou oculte provas ou crie embaraços aos atos de instrução criminal".
Adriana foi nomeada para um cargo na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro, em agosto de 2021. O salário dela é de R$ 8.345,14, segundo o portal de transparência.
Em fevereiro deste ano, ela comprou um carro avaliado em cerca de R$ 200 mil. Segundo apuração da TV Globo, a delegada ainda blindou o veículo. Conforme a prefeitura carioca, Adriana será exonerada nesta terça (10).
GZH não conseguiu contato com os advogados de Adriana e de Cipriano até a publicação desta reportagem.
Jogos de azar no RJ
Segundo a investigação do MP, o esquema de jogos de azar — que envolve jogo do bicho e bingo — é explorado pelo contraventor Rogério de Andrade e pelo PM reformado Ronnie Lessa. O policial é réu pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Os agentes do MP cumpriram 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão. Foram denunciadas 30 pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
De acordo com os promotores de Justiça, a ação do grupo se baseia em dois pilares: a corrupção de agentes públicos — entre eles, agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar — e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos, sendo a organização criminosa suspeita da prática de inúmeros homicídios.