Nove pessoas foram indiciadas na investigação sobre a abordagem que resultou na morte do policial rodoviário federal aposentado Fábio Cesar Zortéa, 59 anos, em agosto do ano passado, em Torres. A vítima foi morta a tiros durante uma briga após abordagem de policiais militares aos seus dois filhos, em frente ao prédio onde morava, no centro da cidade do Litoral Norte.
Conforme o relatório da Polícia Civil, concluído em 4 de março, o PM Ivan Júnior Scheffer Emerim, responsável pelos disparos contra a vítima, foi indiciado por homicídio simples, tentativa de homicídio, omissão de socorro, fraude processual, lesão corporal, disparo de arma de fogo e abuso de autoridade.
Também presente na abordagem, o PM Dionatan Borba Menezes foi indiciado por fraude processual e omissão de socorro. A policial militar Gabriela Marx Silveira foi indiciada por abuso de autoridade, omissão de socorro, lesão corporal e fraude processual. O policial militar Daniel Marcos Salva Terra Ribeiro foi indiciado por ameaça.
Já os PMs Vagner Nunes Lacerda e Cleiton Silveira de Freitas foram indiciados por omissão de socorro e fraude processual. O vigilante Paulo Cesar Ferreira Walency vai responder por lesão corporal.
Além disso, Luca de Carvalho Zortéa e Fábio Augusto Zortéa, filhos do policial rodoviário federal aposentado, foram indiciados por dano simples, resistência à prisão, desobediência e desacato. Fábio também responde por lesão corporal.
Defesa aguarda análise do Ministério Público
Os advogados Mauricio Adami Custódio e Ivandro Bitencourt Feijó, que representam os PMS Ivan, Gabriela e Daniel, afirmam que receberam “com profunda indignação as informações de indiciamentos ocorridos no inquérito policial”. Eles dizem crer que “haverá senso crítico pelo órgão do Ministério Público a quem compete opinar, ao fim e ao cabo, sobre tudo que foi apurado”.
A defesa dos PMS alega também que “o comportamento dos policiais militares está amparado pela técnica e dentro dos limites admitidos na doutrina e no procedimento padrão, diante das circunstâncias inesperadas que foram praticadas pelos cidadãos que desde o primeiro momento não aceitaram a abordagem policial, fazendo uso da força e da violência contra as equipes policiais”.
Os advogados José Paulo Schneider e Ricardo Almeida, que representam o PM Dionatan Menezes, afirmam ter recebido “com tranquilidade a conclusão das investigações”. Eles apontam que tanto o Inquérito Policial Militar quanto o Inquérito Policial Civil “comprovam o não envolvimento do Soldado Menezes no evento morte”.
Os defensores também afirmam que aguardam a análise do MP e esperam “a sua resposta daquilo que efetivamente aconteceu, levando em conta o árduo trabalho realizado pelas autoridades investigativas”.
Relembre o caso
O fato ocorreu entre a noite de domingo, 22 de agosto de 2021, e a madrugada de segunda-feira, dia 23. A Brigada Militar (BM) recebeu ligações que pediam para que dois homens fossem contidos porque estariam causando perturbação da ordem pública em uma padaria na área central de Torres.
Na versão da BM, quando a equipe chegou ao local, Fábio Augusto e Luca, filhos de Zortéa, teriam se negado a cumprir a ordem de parada e revista, passando a agredir um dos policias. Os irmãos também teriam imobilizado e tentado tirar a arma de um dos PMs. Ao perceber a briga, Fábio Cesar Zortéa foi até o local, onde foi baleado e morto.
À época, a defesa dos irmãos alegou que eles não estavam causando confusão na rua. Além disso, o proprietário do estabelecimento afirmou que os responsáveis pela perturbação não eram os filhos do policial morto.