Após o padrasto confessar que matou o menino João Vicente Luz de Vargas, três anos, em Taquari, a Polícia Civil está ouvindo depoimentos para entender as circunstâncias em que a criança vivia e concluir o inquérito até o final desta semana. No sábado (5), o delegado Dinarte Marshall Júnior adiantou a GZH que existe a suspeita de maus-tratos. Segundo ele, os peritos encontraram marcas de ferimentos que pareciam anteriores às agressões feitas em 3 de fevereiro, data em que ocorreu o crime.
O delegado também está em contato com o Conselho Tutelar de Canoas em razão do registro de uma denúncia de abandono das irmãs do menino em 2018. A família morava na cidade da Região Metropolitana e havia se mudado há menos de um mês para Taquari.
— Vamos verificar com o Conselho Tutelar para ver qual foi o andamento deste caso — afirma o delegado.
A mãe de João Vicente está entre os depoimentos previstos para os próximos dias. A advogada dela, Juliana de Paula, disse que está "se inteirando de todas as informações e a mãe está colaborando de forma integral com o inquérito policial". Em nota, a defesa também disse que "devido à gravidade da tragédia, a mãe não tem condições de se pronunciar". O delegado Dinarte Marshall Júnior explica que a investigação está analisando se houve negligência:
— Se comprovada a negligência (sabendo das agressões e sendo inerte) ou participação (como agressora ou mandante das agressões), pode responder por homicídio, pelo mesmo crime que o companheiro.
Uma parente que falou com a reportagem contou que a família e a mãe do menino estão bastante abalados com o caso e querem justiça. A polícia recebeu a informação da perícia de que a causa da morte de João Vicente foi uma hemorragia intracraniana.
Na sexta-feira (4), Josuel Cardozo Bergenthal, 25, confessou ter agredido o enteado e foi preso em flagrante por homicídio duplamente qualificado. A prisão preventiva de Bergenthal foi concedida pela Justiça. A advogada dele, Carina dos Santos Campos, disse que irá aguardar os próximos passos do processo e o laudo da perícia antes de se manifestar.
De acordo com a polícia, Bergenthal negou envolvimento da mãe da criança. Ele contou em depoimento que perdeu a paciência com o choro de João Vicente e o agrediu com socos e chutes. A mãe do menino estava trabalhando e foi chamada pela filha de seis anos.
A criança foi levada desacordada para o hospital com ajuda de um vizinho, mas já chegou sem vida ao local. O delegado plantonista Augusto Cavalheiro Neto, titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Lajeado, disse que chamou atenção que João Vicente não era levado para ficar com a babá desde o sábado anterior ao crime e estava ficando somente com o padrasto, que estava desempregado.